quarta-feira

Quem Cavaco irá representar: os mercados financeiros ou os portugueses?




Formalmente será Cavaco quem irá falar aos portugueses, cumprindo o seu papel minimalista de PR para onde convergem todas as tensões do sistema político, no quadro da grave crise politico-institucional aberta por dois ou três actores incompetentes e irresponsáveis e sem qualquer sentido e dignidade de Estado.

Contudo, na prática, Cavaco funcionará como uma espécie de porta-voz oficioso dos mercados financeiros, dos operadores de bolsa que jogam na economia de casino, dos investidores de fundos, enfim, do conjunto dos actores que dinamizam os fluxos financeiros que mandam na economia real e dobram completamente as normas democráticas, a ponto de já não termos economia nem democracia (nem dignidade). 

Na essência, creio que será essa a função de representação, por delegação informal de competências dos mercados financeiros,  que Cavaco irá preencher logo à noite, quando anunciar aos portugueses que a soberania nacional, a dignidade das instituições do Estado português, o sentir e o pulsar dos 10 milhões de portugueses valem, afinal, um prato de lentilhas que, doravante, encontrou acomodação no novo nome de "estabilidade" vertido na gramática política emergente. 

Na prática, os portugueses continuam a pagar a factura agravada pela irresponsabilidade dos actores políticos identificados, e, ainda por cima, fazêmo-lo privados da dignidade que seria suposto o PR restaurar junto dum povo exausto e esbulhado de tantos impostos inconstitucionais e governado por um experimentalismo medíocre e lesivo do interesse nacional.

Oxalá me engane, mas creio, decididamente, que o PR está do lado dos mercados contra as pessoas e contra a democracia. 


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