quarta-feira

Cavaco telecontrola a democracia representativa com um governo de iniciativa presidencial a 362 dias. Uma democracia tutelada por Belém



Impede eleições antecipadas devolvendo a palavra/decisão ao povo, como devia, mas arroga-se o direito de ser ele (Ele!!!) a decidir e a definir Quando e Como é que as eleições devem ocorrer, substituindo-se, assim, à vontade do povo, logo à democracia. 

Cria, assim, uma democracia tutelada por Belém, tornando "refém" das suas orientações os partidos do arco da governação (PSD,PS e CDS/PP) e os seus líderes e as suas opções politico-partidárias, que, por sua vez, ficam dependentes da capacidade de gerar consensos, observar os objectivos previstos no programa de assistência financeira da Troika e, no final, será ainda uma personalidade de reconhecido mérito que assegurará a transição para as eleições legislativas aquando da saída da troika de Portugal. 

São, pois, demasiados condicionamentos a esta frágil e remendada coligação de centro-direita, cabendo sempre ao PR exercer os freios e contrapesos do Executivo. A esta luz, os poderes presidenciais saem manifestamente reforçados perante o Executivo, os partidos e o Parlamento. Desse modo, o XIX Governo Constitucional em funções não é senão um mero governo de gestão, logo com poderes diminuídos e com uma confiança mínima por parte do PR. 


- Eu sou a democracia, poderia dizer Cavaco... 
- Le Etat c´est moi, como diria o Luís XIV e salvaguardadas as devidas distâncias.

- Sem convocar eleições legislativas antecipadas, conforme vontade da maioria das organizações auditadas em Belém, Cavaco conseguiu subverter o funcionamento geral da democracia de partidos que, assim, fica vigiada pelo PR, e nada poderão fazer sem o agreement deste. 

- Numa palavra: neste quadro de excepção política, Cavaco prolongou e reforçou os seus poderes presidenciais, e, com isso, vem dizer Como e Quando a democracia representativa deve ser exercitada no quadro do nosso sistema político.

- No fundo, isto é um Governo de iniciativa presidencial (diferido no tempo), ainda que dissimulado (no presente).



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