A complexidade e a Idade da Pedra política
Consabidamente a complexidade é um produto da vida e da civilização da vida moderna e é dinamizada pela economia, pelas tecnologias da informação que divulgam os acontecimentos e opiniões à velocidade da luz, pela multiplicação crescente dos problemas de várias ordens que afectam a vida do homem em sociedade.
Todavia, se quisermos identificar uma era da inocência, anterior aquele regime de complexidade no qual todos passámos a viver, temos que remontar a 5000 a.C., ao termo da Idade da Pedra. Para termos uma ideia de como seria a vida nesse tempo, basta olharmos pela janela e mentalmente eliminar todos as casas e edifícios públicos, monumentos, jardins, pontes, carros e estradas (e portagens, já agora!!) e também estádios de futebol que, em Portugal, país pequeno e pobre, os tem em abundância. Há quase mais estádios do que treinadores.
Bastaria, nesse exercício, continuarmos a eliminar todas as invenções da chamada civilização moderna até chegarmos ao deserto de rocha firme. Convinha também eliminarmos quase todas as pessoas e árvores. Podíamos, talvez, povoar a paisagem com umas cabras, para dar tempero à terra. Feito isto estaríamos no Paleolítico. Tudo o que os nossos antepassados tinham era feito de pedaços de árvore, pedra e cabra.
Ora, não há muito que se possa fazer com este tipo de materiais em bruto. Este tempo, sem ironia, evoca-me um outro tempo: aquele que hoje, em pleno séc. XXI, se vive em Portugal através da acção (e da omissão) do XIX Gov Constitucional que tomou posse(s) em junho de 2011 e que mais parece estar no poder há umas boas centúrias.
Há tanto tempo que o tempo de 2011 para cá evoca-me o tempo de regressão que tivémos de percorrer para identificar a Idade da Pedra política em que actualmente todos nós vivemos.
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