Receitas para se poupar - por Eurico Heitor Consciência -
Receitas para se poupar
1 – O sentido de poupança ainda
não chegou a todas as Câmaras Municipais. Um dos pontos em que qualquer Câmara
pode poupar milhares será nos boletins informativos municipais, acabando com
eles e transferindo os seus fazedores para serviços camarários úteis.
Os referidos boletins não passam,
na maior parte dos casos, de plaquetes de propaganda dos Presidentes das
Câmaras e ficam caríssimos (alguns custam dezenas de milhares de contos em
materiais e ordenados) e não fazem falta nenhuma: o que nos boletins se diz
poderia ser publicado nos jornais locais e regionais, naturalmente abertos a
quanto for de interesse colectivo.
2 – Outra coisa que deve
exterminar-se com toda a urgência são as empresas municipais. Sem produto, nem
clientes, nem vendas, estas empresas serviram para coisas extraordinárias:
permitiram contratar pessoal sem critério, permitiram pagar salários sem critério e permitiram atribuir subsídios e trocar favores.
Nomeio-te administrador da minha empresa pública se empregares a minha
mulher na tua empresa municipal ou / contrato a tua mulher como
advogada da minha empresa municipal se nomeares o meu filho teu assessor na tua
empresa pública.
Tais pseudo-empresas permitiram driblar
as regras que condicionam a administração autárquica… Muitas vezes, os
responsáveis autárquicos que as criaram passaram a acumular uma segunda
remuneração na pseudo-gestão dessas empresas.
“Chamam-lhes empresas, mas são
tudo menos empresas” – escreveu no “Expresso” de 28 de Julho o antigo ministro
das Finanças Daniel Bessa, que fez também a maior parte das afirmações que se prantaram
aqui.
Todos sabemos disso. Sabemos, mas
não cumprimos o dever de chamar ladrões aos vizinhos, conterrâneos ou amigos
que se não recusaram a ser administradores dessas aberrações a que se
convencionou chamar empresas.
Que acumularam um passivo
superior a 2.000 milhões. Dois mil milhões!
Quantos calaceiros não têm sugado
e estão chulando os que trabalham e produzem! Quantos malandros não vivem como
príncipes às custas dos trabalhadores!
3 – 3ª poupança: nos deputados.
Suspendem-se os do Parlamento Europeu com uma razão definitiva: quem não tem dinheiro
não pode ter vícios. E esse gozo dos turistas de Bruxelas e Estrasburgo só poderá
manter-se quando o défice acabar. E os de cá passam a morder-se por
teleconferência. Poupam-se os dentes deles e os subsídios de viagem, as ajudas
de custo e as despesas de representação e a electricidade e as despesas de
limpeza da Assembleia da República (que bem precisada está de boas varredelas).
Eurico Heitor Consciência
Obs: Divulgue-se junto do maior número por ser verdade tudo quanto acima se diz. Esta foi, presumo, uma das melhores formas de elogiar Daniel Bessa, académico e ex-ministro da Economia, Indústria, Comércio e Turismo do XIII Gov Constitucional, liderado por António Guterres que, curiosamente, se demitiu do cadeirão de S.Bento por, precisamente, conhecer os contornos do pântano que acima se denuncia. Portanto, quem fala verdade, não merece castigo...
A esta luz, esta crónica acabou por ser, ainda que de modo não desejado, um grande elogio ao consulado de Guterres.
A esta luz, esta crónica acabou por ser, ainda que de modo não desejado, um grande elogio ao consulado de Guterres.
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