quarta-feira

O ultraliberalismo do nosso tempo = desemprego + pobreza

Não é já muito relevante saber se João Proença, da UGT, traiu ou não aqueles que representa comprando uma guerra no movimento sindical nacional, pois além de se representar a si próprio, quais gerontes há decadas no poder sindical (e o carvalho da silva, na CGTP-In- PCP é outro geronte ainda maior!!), é secundário ter dado aos trabalhadores aquela meia-hora simbólica, sendo tudo o resto mau para o lado de quem depende do trabalho: dias de trabalho, salários, condições de despedimento, feriados, etc.
Isto culmina numa questão sempre latente na história da evolução das sociedades e que se pode colocar assim: se não existisse o desemprego, seria o próprio regime ultra-liberal que o inventaria. Ele é-lhe indispensável e co-natural. É ele que permite à economia privada manter o seu jugo sobre a população planetária, ainda que sob a capa de contribuir para a coesão social, ou seja, a sujeição envernizada. Sempre foi assim na história da evolução social, com excepções pontuais.
Até porque não existe actualmente melhor meio de constrangimento sobre as populações e de garantia de paz social do que comprimi-la através desta grilheta que se desdobra no desemprego e nas consequências sociais e privações que ele sempre acarreta. De modo que, em Portugal, as usual, o povo é sereno...
O Gov, qualquer que ele seja, fará sempre o jogo do patronato. O Estado, é bom não esquecer é, ele próprio, o patrão de todos nós em Portugal, e se não o é directa e imediatamente, é-o mediante dispositivos indirectos que têm igualmente reflexos na vida dos agregados familiares e das pessoas individualmente. E aqui urge sublinhar que cerca de 85% do tecido empresarial é feito de PMEs ("Piquenas" e Médias Empresa), como diria esse vulto da banalidade que é manola Ferreira leite, agora defensora dessa excelsa ideia de que as pessoas com idade superior a 70 anos deverão pagar os serviços de hemodiálise. Antes tinha sido a promotora da ideia de meter a democracia na gaveta durante um semestre, passando empreender todas as reformas mediante a sua ditadura.
Confesso que ainda não percebi por que razão os media dão tempo de antena a esta idosa salazarenta e mal formada, ainda por cima completamemnte desmiolada pelo que diz, na forma e no conteúdo. É o que dá ter as costas largas em Belém... Até nisto o regime democrático tem azar.
Num país assim, com políticos falhos desta natureza, com um empresariado completamente dependente do patrimonialismo estatal e das suas graças e favores, com uma sociedade civil fraca e subsidiodependente, o resultado só pode ser um: uma pobreza crescente agravada com direitos sociais decrescentes, só estas condições podem levar a aceitar salários miseráveis e condições gerais de trabalho e de vida alinhados com a mediocridade dos políticos, empresários e sindicalistas que temos. Portanto, está tudo em linha ou alinhado pela bitola da mediocridade. No caso, quanto pior, melhor... É nesta senda que Coelho se perfila para acabar com o que restará de Portugal e dos portugueses.
Neste quadro, a imagem que o espelho devolve à sociedade só pode ser a pobreza e o desemprego estruturais. Curiosamente, para os pensadores utópicos do séc. XIX, o fim do trabalho traduzia uma imagem de felicidade, um objectivo supremo que era reivindicado. Mais recentemente, foi também graças à cibernética, então considerada uma (outra) utopia, que findaria a própria ideia do emprego.
Hoje, rebentadas todas essas utopias, entrámos numa outra ficção: a ficção governamental que temos - em boa medida - coligada com o nível do empresariado (subsidiodependente) que nos caracteriza, e que explica tão bem a natureza das relações entre o sector estatal e o sector privado, de que tivémos amostra nas nomeações para a EDP. O que deu a oportunidade a dez milhões e meio de tugas de conhecerem bem a personalidade do PM actualmente em funções em Portugal.
Seja como for, também não devemos pensar que a culpa é da cibernética ou da globalização, esse decisor oculto que está em todo o lado e tudo decide à nossa revelia, mas no mau uso que fazemos dos recursos materais e intangíveis que estão ao nosso dispor.

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