Alexandre Soares dos Santos é um empresário diferente
- Soares dos Santos é livre porque é rico. Sendo uma coisa e outra diz exactamente o que pensa, e di-lo duma forma clara.
- O que entronca com uma reflexão de Woody Allen que defendia que um homem só é verdadeiamente livre se for rico.
- Soares dos Santos deu uma verdadeira aula de Economia na Sic Notícias, uma aula que o inepto ministro da Economia deveria ver e ouvir. Uma entrevista que o "caça-impostos" - gasparzinho - deveria meditar.
- Contudo, a novidade introduzida por este excepcional empresário no debate público em Portugal consistiu na crítica e na obstrução ao Estado (e das disfuncionalidades, arbitrariedades e brutal carga fiscal) que representa sobre a vida das empresas e do seu património, história e identidade de três gerações.
- Alexandre Soares dos Santos revoltou-se contra a omnipresença do Estado na economia, e foi contra o carácter errático do sistema fiscal do Estado português que este empresário deu o seu "grito do Ipiranga". A esta luz, este empresário, ao conrário dos demais comportou-se duma forma original, i.é, assumiu-se como um actor social e económico de tipo novo - visto que, através da sua intervenção no espaço público, procura desafiar a ordem estabelecida e desencadear a mudança no ambiente fiscal e no tipo de intervenção do Estado na economia e na sociedade.
- Soares dos Santos quer crescer lá fora, garantindo o seu património, convicto de que Portugal não se aguenta no euro, barrando a discriccionaridade político-administrativa do Estado português perante a autonomia deste grupo (familiar) empresarial. Com esta discussão o empresário conseguiu direccionar a atenção de todos os actores politicamente relevantes para o seu protesto, reavaliando a natureza da sua liberdade individual (e empresarial) perante as dinâmicas e tensões do aparelho de Estado e do sistema partidário.
- Esta sua metanarrativa, que vai muito para além das questões específicamente empresariais ligadas ao país de origem deste grupo empresarial (de natureza familia), configura uma das maiores críticas à democracia representativa que temos, à forma de fazer política, à brutalidade e erratismo da carga fiscal, à qualidade das elites e ao conjunto dos desafios institucionais que dinamizam uma versão mais competitiva e modernizada da nossa democracia.
- Em termos de líderes políticos, Alexandre Soares dos Santos gosta de Francisco Assis (PS), do PM (PSD) e do sentido de Estado de PPortas (CDS). Entende, por outro lado, que Cavaco não tem sabido moderar os interesses dos portugueses.
- Esta abrangência politico-ideológica vai muito para além do "centrão" para cair num "grande caldeirão", arte de não se comprometer com nenhum em concreto e cobrir os três partidos do arco da governação em Portugal.
- De um grande empresário só se esperava este tipo de resposta política. Numa palavra: Soares dos Santos revelou visão e sentido estratégico para o seu grupo e coragem política para dizer tudo - e de forma clara - aquilo que pensa. Uma raridade em Portugal.
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