Vitorino apela ao voto dos sociais-democratas desiludidos com "este PSD"
António Vitorino apelou, esta noite, ao voto dos sociais-democratas desiludidos com o PSD, em resposta ao repto lançado por Passos Coelho para os socialistas descontentes votarem no seu partido.i
Num comício em Setúbal, Vitorino falou de Sá Carneiro e defendeu que quem, nestas eleições, está ao lado da social-democracia preconizada pelo líder histórico do PSD é o PS. "Dirigo-me, em especial, aos sociais-democratas desiludidos com este PSD. Àqueles que acreditaram que existiria, como dizia Sá Carneiro, uma social-democracia. Esses só podem ver com desencanto o programa neoliberal do PSD", disse o ex-ministro de António Guterres, que classificou o PSD como "um saco de gatos" que só se une quando "cheira a poder".
António Vitorino, num discurso com muitas críticas ao líder do PSD, defendeu que "os tempos não estão para colocarmos os destinos do país nas mãos de um inexperiente", referindo-se a Passos Coelho, e apelou ao voto útil com o argumento de que "o puro voto de protesto abre o caminho à direita para o poder".
José Sócrates, que encerrou o comício, defendeu que o "acordo com a troika não esgota a agenda da governação" e garantiu que o governo socialista irá apostar nas exportações e nas energias renováveis. O candidato socialista voltou a criticar o programa do PSD e apelou "a todos os socialistas" e a "todos os independentes" para votarem no PS. "Não devemos pedir mais sacrifícios aos portugueses do que aqueles que estão no programa da troika", garantiu o líder socialista
O presidente da Federação de Setúbal, Vítor Ramalho, apelou ao voto útil. "O nosso coração bate à esquerda", garantiu o ex-deputado socialista, alertando que "o país não é um laboratório" e que a encruzilhada em que o país se encontra "é demasiado difícil para entrar em experimentações"
Lula da Silva envia mensagem de apoio a Sócrates
Lula da Silva enviou uma mensagem de apoio ao PS, que foi lida no comício de Setúbal pelo director de campanha, Vieira da Silva. O ainda ministro da Economia começou por dizer que tinha uma mensagem que chegou à direcção de campanha pela mão de Mário Soares e anunciou o apoio do ex-presidente brasileiro ao candidato socialista. "Sempre apreciei o seu trabalho. Espero que possa ganhar as eleições", dizia a mensagem.
Obs: António Vitorino sublinhou aqui algumas verdades acerca do PSD que, de facto, fazem desconfiar qualquer português com ideias messiânicas acerca da ideologia e da práxis que anima o partido da Lapa. A saber:
1) O psd só consegue reunir as suas hostes quando cheira a poder, o que é um mau sinal. De resto, o próprio sociólogo António barreto, de resto muito crítico a este PS, dizia que "o PSD era como um albergue espanhol, porque abre as pernas e mete tudo lá para dentro". E por falar nisso, pergunto-me se dona Zita seabra também integra o inner cicle do actual psd de Passos Coelho ou está indigitada para um lugar de responsabilidade!?
2) Depois, constataram-se demasiados movimentos erráticos na actual liderança do psd, amputando-lhe ainda mais credibilidade: educação, economia, finanças e em toda uma política global que merecia reparos, correcções e enxertos a toda a hora. O próprio Eduardo catroga foi "obrigado", por cansaço, a desistir da campanha antes de a ter iniciado, verdadeiramente.
3) Há ainda o risco de o ideário do psd, além das baías impostas pelo Memorando da troika, procurar resolver os problemas da economia e da sociedade portuguesas com recurso à lógica neoliberal de tudo privatizar, o que dificultaria ainda mais a vida aos portugueses.
Nesta conformidade, talvez seja um mal menor para o país, e apesar dos erros cometidos nos últimos anos, erros também ratificados por Belém/cavaco, de que seja um Gov PS a formar Gov - para sair do atoleiro em que nos encontramos. Até porque conhece melhor os problemas e os dossies.
A esta luz, tem razão AV quando defende que o programa do PS é mais social-democrata do que o programa do PSD e, nesse sentido, está mais próximo do próprios desígnios traçados por Francisco Sá Carneiro há 4 décadas.
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