segunda-feira

Paulo Rangel e a moção de censura ao governo. O seu contributo (claustrofóbico) para a democracia

Paulo Rangel falava ontem - por ocasião da sua vitória eleitoral às europeias - numa moção de censura ao governo. No meio daquela prosa excitante regada a champagne - Rangel falava em humildade na aceitação dos resultados, mas, curiosamente, as palavras de Rangel, confundindo as estações, tinham outro significado quando sublinhava a necessidade tal moção de censura ao governo.
De forma gratuita, evidentemente...
Rangel é um jurista, um docente de Ciência Política, um homem intelectualmente qualificado, deveria saber, se fosse sério e não um político demagogo e cada vez mais trapalhão, que cada acto eleitoral tem uma dimensão política específica e não se devem contagiar entre si, embora interesse muito a Rangel lançar esse virús na democracia em Portugal para tentar "comer" mais uns votinhos sabujos e reclamar para o PSD tudo aquilo que este perdeu desde a saída de Durão barroso para Bruxelas, e sem nenhuma contrapartida para a Europa (um erro a dobrar).
Muito provavelmente, se o PSD tivesse ficado abaixo na votação das europeias relativamente ao PS - o ilustre Rangel falaria, seguramente, numa moção de confiança ao Governo!? Enfim, contradições que até um cego-surdo-mudo detecta à légua...
Provavelmente, aquilo que Rangel desejaria, com o beneplácito da srª Ferreira, seria que o Governo abandonasse já S. Bento, os ministros deixassem os respectivos ministérios, os secretários de Estado e demais altos funcionários políticos - fossem todos para baixo da ponte a fim de ficarem privados dos instrumentos da governação. Esta, na cabeça de Rangel, seria a forma mais imediata e celere para o PSD ver a luz ao fundo do túnel e poder aceder ao poder.
Só que Rangel esquece-se duma coisinha: o Governo em funções tem plena legitimidade para executar as políticas públicas que preconizou a fim de modernizar e desenvolver Portugal, até mesmo aquelas decisões que Durão Barroso alinhou e meteu na gaveta porque não teve envergadura política para as executar.
Portanto, o fundamento da moção de censura que Rangel deseja lançar ao Governo tem tanta legitimidade como dizer que, doravante, Rangel é o novo Papa no Estado do Vaticano e que a sua madrinha Manuela Ferreira leite passa a ser a rainha da moda e do design italiano. Credo!!!
Esta falta de seriedade na política, misturando as europeias com as legislativas, revela bem o respeito que Rangel tem pelo valor específico e relativo das eleições tornando-se, por isso, um grande (e claustrofóbico) trapalhão.
Pergunto-me se seria por causa do champagne...