sexta-feira

A vergonhosa China 20 anos após o massacre

A China é a vergonha de sempre: adopta o melhor do capitalismo e rejeita o sistema de direitos, liberdades e garantias que qualquer sistema democrático acolhe no jogo constitucional. Fez ontem 20 anos que a ditadura bicéfala comunista/capitalista reprimiu na praça celestial os manifestantes pró-democracia. Foi em 1989, ainda hoje comentava isso com o António Guerra, um amigo que também me chamou a atenção para essa vergonhosa data.
Mas perante a violação dos direitos humanos o que o mundo, em particular os EUA e a UE, podem fazer no seu conjunto para democratizar a China?! Aparentemente muita coisa, na prática nada tem efeito, já que a China se tornou na grande fábrica do mundo e, ao mesmo tempo, no hiper-mercado desse mundo.
De modo que cada País que queira ter relações comerciais e económicas com a RPC não pode (nem deve) imiscuir-se nas questões de soberania interna, que são inegociáveis à luz do funcionamento do PCC.
Por outro lado, ainda hoje não se sabe ao certo quantas pessoas os militares mataram na praça de Tiananmen, quantos manifestantes foram esmagados no quadro dessas manifestações de contestação ao poder ditatorial do PCC.
Portanto, a RPC é a vergonha de sempre: muito mercado, alto crescimento económico ao ano, mas o passivo dessa relação traduz-se na violação sistemática dos direitos humanos, não há verdadeira liberdade de imprensa, de associação, nem pluralismo político. Pequim esmaga toda a diversidade que seja feita fora do esquema do Comité do PCC.
A grande questão será saber: para que serviram, afinal, estes 20 anos? Para liberalizar, humanizar e constitucionalizar o regime ou, à contrário, para iludir o mundo de que a China, de facto, só mudou ao nível das leis e das práticas económicas.
Temos, assim, uma China com um papel crescente no domínio económico jogando o seu poder e influência no tabuleiro global, mas sem poder acompanhar o Ocidente no sistema de direitos, liberdades e garantias. É o velho país dos dois sistemas, como diria Deng Shao Ping. E nunca se exime de sacrificar a liberdade e a democracaia em nome do comércio e da economia. Isto é miserável. A China precisa duma verdadeira revolução cultural, duma revolução política, de preferência sem sangue.
Qualquer laivo de abertura é imediatamente rejeitado sob pretexto de interferência nos assuntos internos da China. Nem a Net escapa, sabido que são os bloqueios que comunistas chineses fazem à rede. Ao Twitter, ao Hotmail e a outros sistemas de comunicação instantânea que opera no rizoma. É uma verdadeira vergonha, algo que só honra as práticas do Partido de Jerónimo de sousa e de Bernardim Soares - que vê na Coreia do Norte um farol da liberdade e da democracia - ao estilo da Soeiro Pereira Gomes.
Só mesmo um idiota pode afirmar uma asneira deste calibre, talvez devesse viajar com um one way ticket para a Coreia do Norte via Albânia. E aí fazer um estágio para aperfeiçoar a censura. Força Bernardim
E por ironia da economia global o mundo precisa cada vez mais do imenso mercado chinês para arranjar mercados para exportação, o que dificulta fazer o tal linkage das décadas de 80 e 90 do séc. XX (ao tempo da Guerra Fria) - quando o Ocidente tentou humanizar e democratizar aquele regime, até porque as democracias têm mais dificuldade em fazer a guerra entre si do que as democracias vs ditaduras.