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Saramago: Berlusconi é "vírus" e "delinquente"

Saramago: Berlusconi é "vírus" e "delinquente"
por Tatiana Vaz
O 'El País' divulga hoje mais duas fotos das famosas festas de Silvio Berlusconi. No jornal espanhol, José Saramago assina um artigo de opinião em que chama ao primeiro-ministro italiano "coisa" e "delinquente".
O advogado de Silvio Berlusconi já anunciou que vai processar o 'El País' pelas fotografias publicadas na última sexta-feira, que retratam festas numa villa do primeiro-ministro italiano na Sardenha, onde Berlusconi aparece acompanhado por jovens “pouco vestidas” e alguns hóspedes nus.
Um dos hóspedes será mesmo o ex-primeiro-ministro checo Mirek Topolanek, que disse ao diário checo Aktuálne.cz , citado pelo ‘El País’, “sou eu que apareço na fotografia. Mas é uma fotografia retocada, não é autêntica.”
O 'El País' publica agora mais duas fotografias do fotógrafo Antonello Zappadu. O autor das fotografias disse ontem à rádio colombiana Caracol que tem “mais medo de Berlusconi do que da guerrilha colombiana”.
A acompanhar as fotografias, o ‘El País’ tem, em grande exclusivo, um artigo de José Saramago que, do princípio ao fim, critica e insulta 'Il Cavaliere'.
"A coisa Berlusconi" é o título do texto, justificado logo na primeira frase: "Não vejo que outro nome lhe podia dar."
Para José Saramago, Berlusconi é uma coisa "perigosamente parecida com um ser humano, uma coisa que dá festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália".
O Nobel português escreve ainda que o partido de Silvio Berlusconi "assaltou o poder" e que, "pior do que desobedecer às leis, é mandar fabricá-las para salvaguardar os seus interesses públicos e privados, de político, empresário e acompanhante de menores"
Entre "coisa", "doença" e "vírus", Saramago argumenta que "os valores básicos da convivência humana são pisados todos os dias pelas patas viscosas da coisa Berlusconi". E termina perguntando se os italianos irão continuar a permitir que tal aconteça.
Tags: El País, Silvio Berlusconi, José Saramago, Globo, Europa
Obs: Berlusconi, como se sabe, tem duas características que incomoda muita gente: é multimilionário e, parece, é um "garanhão" excêntrico de 1ª apanha.
Obviamente não vamos aqui comentar esses alegados vícios privados, até porque remetem mais para a ordem moral e não para a esfera política, além de que se tratam de comportamentos desenvolvidos em privado, na intimidade das relações - a que todos, seguramente, temos direito.
Por outro lado, ficámos a saber que Saramago viu um livro seu impedido de ser publicado por uma editora propriedade do PM italiano, o que nos deixa sempre na dúvida se se trata dum ressentimento do Nobel português ou uma verdadeira crítica moral e ética a Berlusconi.
Tudo visto e somado devo confessar que até subscrevo algumas das críticas de Saramago, mas já tenho grande dificuldade em compreender por que razão o Nobel não se erigiu contra a ditadura do seu "amigo" Fidel castro, o lagarto de Havana, que violou e mandou matar pessoas por mero delito de opinião.
Aqui Saramago já não se insurgiu, como devia, nem um artiguinho, ou mesmo um livro, seja em nome da Liberdade, da Democracia e da defesa e promoção dos direitos humanos em Cuba, que Saramago conhece bem - mas para ele as excentricidades erótico-sexuais de Berlusconi são mais prementes do que a violação dos direitos humanos em Cuba.
Esta duplicidade ética, moral, política e intelectual em saramago deixa muito a desejar.
Arquive-se por falta de interesse e de autenticidade.