Com Obama na Sala Oval dissolveu-se o ódio tradicional à América Imperial
Uma das grandes vantagens de Barack Obama (porque é negro) ter assumido os comandos dos EUA perante o mundo é que, doravante, esse mesmo mundo, mormente o mais fundamentalista que apoia o terrorismo global e suicidário, deixou de ter essa razão psicológica que os impelia para o antiamericanismo militante e irracional (e bombista). Talvez hoje, ainda que o terrorismo seja um dado da equação global que deve preocupar Obama, o perigo de maior antiamericanismo (de direita) emane, curiosamente, da Europa - vendo aí alguns resquícios do papel que o Velho Continente desempenhou no séc. XV - e que perdeu no séc. XX, de principal pólo de iniciativa e de conquista do planeta, o seu grande centro artístico e científico e senhor quase absoluto da organização política e estratégica das iniciativas económicas no mundo. No fundo, era a Europa que então estava a liderar a mundialização, avant la lettre, quando os EUA ainda nem sequer existiam (ou sonhavam que iriam existir). Ora, hoje a Europa não só perdeu essa capacidade de agir isoladamente - como ainda é um saco de gatos que nem se consegue entender em aceitar umas dezenas de prisioneiros de guerra provenientes do encerramento da base cubana de Guantánamo. O grande desafio para Obama é, a nosso ver e na frente externa, acompanhar o modo como se irão manifestar esses antiamericanismos que, curiosamente, tenderão a soprar mais do ventre mole da União Europeia do que desse arco fundamentalista fomentador de terrorismo que vai de Marrocos até à Indonésia. Quanto ao ódio à América, seja o de extrema-direita seja o de extrema-esquerda - o fundamento é sempre o mesmo vómito: o ódio à democracia e à economia liberal que lhe é indissoluvelmente associado. Infelizmente aquelas duas torres já lá não estão, com um custo humano verdadeiramente trágico para a América e para o mundo inteiro.
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