quinta-feira

O beco do Ocidente tem nome: dependência energética. Crise do petróleo

O Ocidente europeu sempre foi militarmente poderoso, ideológicamente atraente, tecnológicamente sedutor mas, como nunca se entendeu entre si, acabou por ficar vulnerável da sua própria desunião e diversidade. O Ocidente ganha as guerras contra as outras partes do mundo, mas no que toca à gestão das matérias-primas estratégicas de que depende a economia mundial tudo fica comprometido. Hoje, ao invés da Guerra Fria, já não se verifica aquela rivalidade ideológica e territorial, ela é energética, apesar de o capitalismo ainda lutar contra o comunismo - que à moda de Nikita Krutchev desejava "enterrar" o dito Ocidente ante um progresso económico e social que era suposto ter ocorrido na então URSS. Para agravar este conflito juntou-se um 3º factor - às velhas lutas entre capitalismo e comunismo, com base nos avatares do fervoroso islão - que pretende arrasar o Ocidente que consideram infiel e o seu Grande Satã, os EUA. Bin Laden, um saudita, é, curiosamente, o paradigma vivo-e-escondido desse desejo/projecto político, e se maior frustração os EUA de G.W.Bush terão é o facto de não conseguirem tê-lo apanhado vivo, como fizeram com Saddam - que criaram e alimentaram. Eis o cenário tosco do mundo actual, com a agravante de Israel ainda ser o principal inimigo dos árabes - que são os responsáveis por cerca de 70% das jazidas de petróleo mundial. E se o Ocidente está com Israel - que ainda não concedeu o direito de a Palestina ter um Estado, é porque o mesmo Ocidente é um alvo a abater pelo mundo que detém aquelas reservas petrolíferas. Acresce que durante anos os sauditas - sempre foram os fiéis da balança mundial, ou seja, aqueles membros da OPEP que dispunham de uma capacidade excedentária de cerca de um milhão de barris por dia capazes de influenciar os mercados quando quisessem, limitando-se, para o efeito, a abrir um pouco mais as torneiras e, assim, restabelecer o equilíbrio sem aumento exponencial dos preços do petróleo. Agora parece que esse mecanismo tem falhado, as torneiras já não se abrem e os preços entraram em voragem recorrente. Terá sido por que a Arábia Saudita sobreavaliou as suas reservas?! O que é facto é que o Ocidente continua a ser tecnológicamente sedutor, políticamente democrático mas do ponto de energético são o que sempre foram: dependentes. E, por enquanto, as alternativas ao petróleo convencional - como o gás natural, o carvão e as areias betuminosas, o óleo de xisto, o etanol, a fissão nuclear, a energia solar, hidráulica, das marés e os hidratos de metanos ainda são energias emergentes cujo processo de maturação tecnológico ainda não estabilizou. Se pensarmos bem, resta-nos ser humildes e constatar que para construir uma turbina metálica para produzir energia eólica não utilizamos a energia produzida pela tecnologia eólica, mas sim a que deriva do petróleo. Os árabes estão a brincar connosco, e vão continuar a fazê-lo ainda por muitos e bons anos, nem que para isso tenham de viver de forma algo medieval, serem profundamente corruptos, antidemocráticos e entenderem que a tal economia de mercado do laisser-faire laisser-passer de que falava um tal Adam Smith faz muita coisa, mas, por enquanto, ainda não faz o milagre de substituição do petróleo. Hoje, o Ocidente mais não é do que um gigante com pés-de-barro, grandes cérebros - mas de cabeça cortada...

CRISIS DEL PETROLEO

Fin del petróleo

refinación del petróleo