terça-feira

O que pensará Patrick Monteiro de Barros da voragem do petróleo...

Em 2006 Patrick Monteiro de Barros tinha uma ideia que visava concretizar através da refinaria de Sines. Morreu na praia. Então houve um memorandum de entendimento que parece não ter sido respeitado por um secretário de Estado, por outro lado, a negociação também não foi a melhor. A poluição decorrente da refinação aumentando as emissões de CO2 para atmosfera, a necessidade de elevados apoios financeiros pelo Estado e a desburocratização dos procedimentos para atender aos timings impostos pelo empreendimento - comprometeram tudo.
O Estado não quis abrir os cordões à bolsa, o empresário não transigiu, o projecto só poderia "refinar-se". Mas o mais estranho, então à vista de todos, foi a pompa com que Manuel Pinho (ministro da Economia e Basílio Horta, presidente da API) anunciou o projecto que contrastou com o seu desfecho.

Talvez hoje uma renegociação de todas as variáveis em jogo se impusesse, pois tratava-se de um grande investimento estrangeiro em Portugal, o maior de todos que não passou da folha de cálculo.

Não teria sido preferível que Sócrates chamasse a si a negociação do empreendimento!? Não só pelo valor do investimento, o maior de todos em Portugal, como referimos, mas também o mais volumoso pelas exportações e pelo efeito indutor que representaria na economia nacional, pois dinheiro chamaria dinheiro.

Infelizmente, uma só AutoEuropa, ou uma Portucel - embora sendo importantíssimos investimentos industriais em Portugal, não bastam para alterar o próprio modelo de desenvolvimento estratégico do País.

Hoje, com o preço do petróleo a disparar valerá a pena perguntar se aquele investimento não deveria ter sido maturado, limado, aperfeiçoado entre as partes e não fazer as coisas à pressa e na praça pública. Ou seja, não fazer a refinaria de Sines implicou que todos perdessem: os privados/investidores representados por Patrick Monteiro de Barros, o Estado, as empresas que gravitariam em torno daquele megainvestimento e os portugueses em geral, enquanto consumidores de energia.

Então, o empresário Patrick ficou desprestigiado perante os demais investidores estrangeiros que entrariam no empreendimento, o Estado ficou descredibilizado por não saber guardar reserva em negociações tão delicadas e os portugueses, provavelmente, perderam a possibilidade de usufruir de combustíveis não só mais acessíveis, mas também estabilidade nos preços.

Tudo coisas que hoje a voragem do petróleo no mercado internacional não garante. Tudo visto e somado somos de parecer que hoje Patrick Monteiro de Barros, estando em mar, em terra ou no ar - deve estar a dar uma grande gargalhada em relação ao que se passa com a competitividade global da economia portuguesa.

O problema não é de Patrick, é nosso, da economia nacional. Creio que a resposta a estas angústias energéticas se resolverão num próximo ciclo eleitoral, o que pressupõe novas políticas que passarão, certamente, não só pelo investimento da energia nas renonáveis como também pelo investimento no nuclear, já um sucesso em França, em Espanha e em muitos outros países da Europa.

Ou seja, teremos de negociar com Patrick novamente. Será?!