quinta-feira

Robert Musil e O Homem sem Qualidades... Referências a reter.

Robert Musil é, talvez, um dos escritores mais importantes da Europa da 1ª metade do séc. XX. A dado passo pôs em cena no seu romance - O Homem sem Qualidades, - um aristocrata esclarecido, o conde Leinsdorf - que vai decifrando a modernidade, mas tropeça sempre num paradoxo central: por um lado sabe que as pessoas devem amar-se umas às outras mas, por outro lado, sabe que isso só será possível se o governo as obrigar a fazê-lo. Liberdade ou servidão...
Depois Musil explicita:
a falta de qualidades, Eigenschaften, do homem sem qualidades não se refere, portanto, à falta de boa qualidade. A proprietas é uma predicação individual no sentido de uma característica que tanto pode ser atribuída a uma coisa quanto pode emanar de sua constituição como um todo.
Na prática, somos todos filhos do Senhor, aparentemente todos iguais mas, na prática, todos nós somos diferentes uns dos outros. E essa diferença estabelece-se através dos seguintes factores:
- “atributos” essenciais ou substanciais (permanentes); - “modos” não-essenciais ou acidentais (casuais); - "qualidades constitutivas" (determinantes); - "propriedades consecutivas" (derivadas); - "particulares" (de apenas uma coisa) e - "universais" (compartilhadas com outras coisas).
Na psicologia, as qualidades também são designadas como “disposições”. A intenção da obra de Musil é, de facto, assustadora, e, como tal, o Macro aconselha-a aqui a todos os líderes da oposição (e no poder) que sintam que têm aspirações a mais para o nível das suas capacidades.
Ou, como diria Chateaubriand: A ambição de quem não tem capacidade é crime.