terça-feira

Um problema do homem: o dever de cooperar p/ estabelecer o direito universal

De tempos a tempos regressamos à base da Filosofia, mãe de todas as ciências, para equacionar os problemas do Homem e da vida, e o mais - que está para lá da vida - que desconhecemos. Isto para sublinhar que um problema, qualquer problema é, primeiramente, sempre uma questão metafísica, um problema filosófico, até mesmo quando de trata de hidráulica inerente a um plano de drenagem ou de termodinâmica aviónica. Na sua base houve sempre um problema, um homem que teve de fazer recurso à sua imaginação, à sua inventiva, à sua capacidade de conceber e de executar a realização dos instrumentos que ultrapassaram a colocação desse tal problema. Ou seja, um homem que teve de recorrer ao seu engenho e arte, como diria Luís Vaz... Desta feita, o maior problema para a espécie humana, obrigando sempre o homem a resolver algo, decorre do estabelecimento de uma sociedade civil que regule o direito universal, que varia consoante a conjuntura. E sublinho sociedade civil, que muitos confundem com construção civil, porque se trata da única que é permitida a maior liberdade, logo (também) comportando o antagonismo geral entre os seus membros. E a que essa tal sociedade protege mais na intenção dos textos do que na realidade dos factos do quotidiano. Sem esta Liberdade, condicionada pela liberdade dos outros, é que o nosso desígnio colectivo se afirma, por isso a sociedade deve estar sujeita a leis externas, no seu mais elevado grau, que remete para um poder irresistível, a tal constituição civil justa - onde a Natureza humana se possa realizar em todo o seu esplendor. Um pouco como as árvores numa floresta - em que cada uma carece de sol, luz e água. Doutro modo, elas não se desenvolvem, não conseguem fazer crescer os seus ramos e troncos - que definham, inclinam e curvam - até morrerem - abafadas pela falta daquelas condições naturais. De igual modo, os homens também não se desenvolvem isolados, curvam-se, em vez de se elevarem. O problema, é que fora da sociedade, fora da floresta, para retomar a metáfora de referência, nenhum progresso é possível, e assim nem o homem nem as árvores conseguem desenvolver-se. Ao invés, se ficarem lado a lado, se cooperarem entre si, se souberem conviver nesse tal enquadramento da floresta social - em que hoje todos vivemos - os homens, à semelhança das árvores, endireitam-se uns aos outros, educam-se uns aos outros. Hoje, esta filosofia básica da convivência humana - que deveria ser a coisa mais óbvia e natural do mundo, constitui um capital-simbólico difícil de encontrar na polis, e como esses valores naturais da entreajuda se perderam deixo aqui a importância do papel social que a Filosofia poderá vir a ter no redesenho dessa (re)descoberta social, dessa quinta-essência da humanidade que hoje, mais do que nunca, importa redescobrir. A bem de todos nós, evidentemente, e das árvores também...