sábado

O Cluster do Mar: evocação a Virgílio de Carvalho e a Ernâni Lopes. Ambos vivos, cada qual à sua maneira

Com licença do CLARO - coloco aqui estas duas referências do pensamento estratégico português que vêm no mar e na racionalização dos seus recursos uma oportunidade económica, política e cultural, quiça reguladora duma nova Globalização Feliz a partir de Portugal - agora no novo mundo - de globalização competitiva.
"Como bem mostrou, ainda no século XIX, Oliveira Martins, aquele Portugal quintarola da família Bragança, que nem viu passar ao lado a Revolução Industrial, perdeu também o mar quando não soube fazer a passagem da vela para o vapor e da madeira para o metal. Desde aí, ficou muito campónio e incapaz de ver o mar que ficava para além da quintarola ... mesmo quando campónios e campónias desataram a comprar fatos de banho para irem "trabalhar para o bronze". As décadas salazarentas, em que o filho de um feitor da quinta de uma família fidalga da província bem profunda reinou neste país, foram o momento mais alto dessa esquisofrenia que nos virava as costas ao mar e ia afundando Portugal. Lembro-me sempre do magnífico estuário do Tejo sem navios nem barcarolas, enquanto uma Estocolmo de águas gélidas tem mais barcos do que automóveis! Felizmente, parece ultrapassada aquela fase em que, numa democracia acéfala, o comandante Virgílio de Carvalho passava o tempo a pregar no deserto. Uma associação de oficiais da Armada, pessoas como Ernâni Lopes e políticos como Luís Amado e Carlos César começam a ver o verdadeiro mar de soluções que se oferece aos problemas portugueses. Agora a Associação Comercial de Lisboa, numa bela iniciativa e num grande exemplo para este Estado acéfalo, mentecapto e gordíssimo, encomendou a Ernâni Lopes (a melhor escolha!) um estudo sobre sobre o hiper-cluster do Mar. Certamente, Ernâni Lopes não esquecerá que este nosso mar tem uma posição geográfica privilegiada entre os três continentes que bordejam o "lago atlântico" e em cujas margens se situam, simultaneamente, as economias mais desenvolvidas e grandes fontes de matérias primas e de energia... Tão pouco esquecerá que vivemos o tempo de uma economia globalizada. E saberá, certamente, que tempo e espaço são as coordenadas da estratégia.
Três constatações: a sociedade civil começa cada vez mais a tomar a iniciativa e a não ficar à espera do Estado; há cada vez mais gente a conseguir ver o que se mete pelos olhos dentro e a ter a inteligência necessária para o pensar e, por último, a blogos mostro que sabe logo perceber o que é importante, como se pode ver pelos posts (que remeto para o CLARO).