segunda-feira

Notas Soltas - por António Vitorino -

Notas macroscópicas sobre as Notas Soltas de António Vitorino:
1. O boxer racista e xenófebo do sr. Le Pénis ficou exterminado com esta 2ª volta nas eleições presidenciais francesas que colocou Sarkozi em 1º e a dama sem ideias - Segoléne - em 2º.
2. PPortas regressa e com ele os sound bites para compor aquelas frases que os brujessos de alguns jornalistas não sabem ainda confeccionar. No debate com Ribeiro e Castro a única diferença entre ambos é que PPortas demonstra sempre uma coisa: a sua petulância. Se eu mediasse aquela entrevista punha-o no lugar em dois tempos e até era capaz de lhe chamar arrogante em directo e espirrar-lhe para a testa só para ter o prazer de o ver aflito a compôr-se tentando tapar aquilo que toda a gente já sabe: a sua careca política e os podres que multiplicou ao longo destes dois anos - armadilhando as relações do "seu" grupo parlamentar com a direcção do partido de Ribeiro e Castro. Temos, portanto, mais guerrilha política (nos jornais e nos media em geral), e Socas terá de contar com mais esse factor que, se for transparente e estruturado, até poderá valorizar os debates mensais na AR. Veremos...
3. Em França ganhará aquele que menos rejeição provocar no eleitorado, como referiu AV. Apesar de ser uma senhora interessante, creio que os franceses vão esquecer esse elemento de sedução e apostar na liderança forte e de autoridade de Sarkozi. Para sedução e erotismo os francius já têm o cinema e muito romance para ler ao serão tocado por belos vinhos e melhores queijos.
4. Quanto à autonomia do cds - ainda por referência ao termo da vida política do boxer-Le Pen na sequência dos resultados desta 1ª volta, cabe dizer que só com Manel Monteiro esse partido do táxi foi (artificialmente) "autónomo", ainda que tivesse de se posicionar nas margens do sistema político (europeu) considerando a Europa quase como um factor adverso à integração portuguesa. Monteiro misturou o grave problema da sobrevivência da agricultura nacional com tudo o resto, depois "tudo o resto" caíu-lhe em cima destruindo-o. Este (radicalismo) foi o pior erro político de Monteiro - pois para além de se colocar perto do radicalismo do PCP - nessa aversão fundamentalista e algo provinciana à Europa, fez depois uma evolução integracionista sem explicação. O então seu amigo, PPortas, ainda conseguiu ser mais papista do que o Papa - evolucionando duma posição eurocéptica para uma posição eurocalma. É óbvio que os portugueses não tendo grande cultura política também não são parvos, e responderam nas urnas com um "euro-vai-te-embora". Foi nesta jogada de merceeiro que os portugueses perceberam bem a credibilidade de Portas que é igual à de certos taxistas quando transportavam os turistas recém-chegados ao aeroporto da Portela - que desejavam ir para um hotel da Almirante Reis, e os taxistas faziam a volta pelo Campo Grande, 2ª Circular, Benfica, Monsanto, Belém, Baixa, Castelo de S. Jorge, Caldas e o mais. Ora, Paulo Portas é este S. Jorge a meio caminho do Caldas. Mesmo que eu vivesse 350 anos creio que nunca votaria nele. Pelo simples facto de conseguir distinguir um aldrabão dum vigarista a léguas de distância. Com ou sem peruca..
5. Portas, portanto, marca o regresso duma personalidade histriónica caracterizado por um excesso de emotividade e busca obsessiva de atenção mas, ao mesmo tempo, provocando um ostensivo desconforto em situações em que não é centro dessas atenções; não telecomanda a interacção com os outros; não é o sedutor; mas antes o resultado de atitudes e expressões emocionais que mudam bruscamente, porque esboçadas de forma superficial com aquele seu sorrisinho amarelo que até um cão rafeiro à saída dum riacho nota ser falsa e hipócrita; Portas é tudo isto e mais: joga muito com a aparência física: ou manda pintar os dentes com tinta Robialac, manda pôr toneladas de laca no cabelo e penteia-se de trás para a frente para as pessoas não perceberem que é calvo; usa o discurso de frase feita e assassina para impressionar, como aqueles pavões que só têm penas mas depois são sexual impotentes - obrigando as fémeas a copularem com pavões mais novos a fim de assegurarem a reprodução; revela um estranho índice de auto-dramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções.
Mal comparado é assim a modos que um Fidel castro à portuguesa, e sempre que morre uma andorinha são bem capazes de encenar uma dor e um suposto sofrimento análogo ao da perda dum ente querido. Clínicamente, psico-políticamente é isto PPortas: um resultado dum egocentrismo desmedido, habituado que foi a ser bajulado como chefe do Indy - e depois no grupo parlamentar, ele julgou que poderia estender essa megalomania à sociedade que, felizmente, pensa e sabe bem mais acerca de tudo do que o modesto Paulinho da feiras e das lavouras. Nem sequer duvido que se Portas visse um agricultor às três da matina à porta da Kapital - passava para o outro lado do passeio só para não sujar as mãos com um bacalhau, mas em campanha até o ranho e os calos os apara.
É isto PPortas, alguém que considera os relacionamentos em função do seu interesse político circunstancial: no momento em que interesse abraçar o agricultor e beijar a velhinha com ranhoca na soleira da porta - Portas não hesita; no momento em que está em ambiente jet-8 ele traveste-se de queque na linha e finge que não vê as pessoas. Infelizmente, conheci bem este tipo de gente merdoso, desde os bancos da faculdade Lusíada - até onde certos docentes que hoje até são autarcas - nos arrebaldes de Lisboa (provenientes do cds mas eleitos pelo PSD) - fomentavam o pior dos ambientes humanos que só podem gerar intriga, cobiça, perfídia e desarmonia entre os homens. Essa gente é, pura e simplesmente, desprezível. Nem uma junta de freguesia deveria dirigir, por falata de qualidades humanas.
Portas deve ter jurado que conseguia pôr toda a gente a olhar para si: família, amigos, cão, gato, canário mas também e sobretudo os jornalistas. Isto poder resultar a curto prazo, mas a médio e longo prazos revela-se um fiasco. Evocar a relação com Donald Rumensfeld dos "States" também já não serve. De modo que Portas terá mesmo de se agarrar aos seus dentes brancos e ao conjunto das características que ele manifesta e ostensivamente expressa para efeitos de show-of. Pelo menos, já mudou os fatos salazaristas com riscas inspiradas no Circo Chen.
6. Quanto à extrema direita pouco ou nada há a dizer, senão aplicar-lhes a lei dura e implacavelmente: a lei nacional e a lei europeia (emergente) que punirá condutas contra racistas e xenófoba e violem os direitos humanos em geral. Aqui PPortas poderá, doravante, desencadear um ciclo de conferências no Largo do Caldas e dar uns cursos de formação para humanizar essa besta à solta que é o neofascismo de trazer por casa que também anda por aí... Seria uma espécie de cursos de Verão do cds - tal como o PsD faz os seus em Castelo de Vide, embora este seja um partido verdadeiramente democrático e até pluralista demais, a ponto de ter nele a dona Zita Se abra. Já agora, esta senhora será licenciada em quê???.
7. Por outro lado, ficamos a saber aquilo que muitos de nós já desconfiavam: AV não perde 15 min. do seu precioso tempo a "ouver" as previsões metereológicas domingueiras de Marcelo de sousa - que ontem reportou de Moçambique, embora a mim me parecesse mais que tenha reportado da Eritreia.
8. Yeltsin (Y.) morreu: liberalizou de facto o regime, mas a que custo para a sociedade e economia russas??? É simples: com ele vieram as mafias, a corrupção generalizada e o aumento das injustiças e das clivagens sociais. As privatizações...essas nem se fala... Os amigos compravam empresas públicas com um valor 10 vezes abaixo o preço de mercado, depois repartiam entre si esse miserável esbulho ao Estado. Tudo sob a marca e cumplicidade de Y. que preparou o caminho para a Rússia ser hoje governada por quem é: um ex-expião que só sabe falar de armas e manda matar jornalistas que investiguem factos sensíveis e/ou comprometedores ao regime. Creio que Y. não passou dum sujeito errado na história com muita sorte, pois foi Gorby quem verdadeiramente preparou esse caminho: via Perestroika e via Glasnost, Y. foi até bastante rude com Gorby publicamente nessa turbulenta transição, e amanhã a história irá dar tanta importância ao "Sr. Vodka", que apalpava publicamente o rabo às secretárias, como a história portuguesa evocará o legado de Vasco Gonçalves ou Pinheiro de Azevedo no nosso país. Fala-se nisso, porque será um ritual, mas verdadeiramente ninguém ligará.
9. Deixo, contudo, para último aquela que considerei a melhor tirada de António Vitorino. Que pelo compasso de espera entre o fecho duma conclusão, a respiração e a arrancada para outro tema - fez sair um "coelho da cartola" que até me divertiu: se Sarkosi fôr eleito defenderá uma concepção política de Europa dos grandes directórios onde os pequenos países - como Portugal - não cabem, ou vêm enfraquecido o seu centro de decisão política na relação esfera nacional esfera europeia/comunitária. E assim AV deu a sua mãosinha a Mde Segoléne - que não debitou uma única ideia capaz de mobilizar a França para o seu ideário e programa político. Com tudo isto, confesso, espanto-me como a senhora conseguiu tantos votos.
Terá sido porque é mulher, e uma mulher bonita?!