segunda-feira

O caso Freeport. Santana Lopes teve azar, de novo

UMA PREVISÍVEL FORMA MAFIOSA DE FAZER POLÍTICA EM SEDE ELEITORAL. PRIMEIRO FOI A CAMPANHA GAY PARA LIQUIDAR SÓCRATES, NÃO FUNCIONOU; DEPOIS O FREEPORT - DEU BURACO - AGORA VAI TUDO PARA TRIBUNAL. E SANTANA... SERÁ QUE ELE TEM INTELIGÊNCIA PARA EXTRAIR ALGUMA LIÇÃO OU VAI CONTINUAR A VEGETAR POR AÍ, COMO SE PORTUGAL FOSSE A AMÉRICA DOS ANOS 20...
O caso Freeport, ocorrido em plena campanha eleitoral para as legislativas de 2005 por causa de alegadas suspeitas de corrupção sobre José Sócrates, vai amanhã a julgamento no 6.º Juízo do Tribunal Criminal de Lisboa. Neste julgamento está em causa o comportamento de um inspector da PJ, acusado de violar o segredo a que os funcionários estão obrigados. Mas o CM apurou que o Ministério Público pode vir a extrair certidões para um novo inquérito. Esta investigação visaria os elementos que terão estado na origem do que parece ser “uma tentativa de manobra com o fim claro de prejudicar José Sócrates na campanha eleitoral”, nas palavras de fonte conhecedora do processo. (link)
Às 09h30 de amanhã, José António Elias Torrão, o inspector da Polícia Judiciária de Setúbal que esteve na origem das investigações, Inês Serra Lopes e Francisco Teixeira, ex-directora e autor da notícia no jorna ‘O Independente’ sobre o caso Freeport começam a responder por acusações de “um crime de violação de segredo por funcionário” e de “um crime de violação de segredo de justiça”. O despacho de acusação do Ministério Público e a decisão instrutória, a que o CM teve acesso, são categóricos sobre José António Elias Torrão, inspector que fez chegar a suspeita de corrupção no caso Freeport, no processo: “O arguido teve a possibilidade de ter acesso ao documento em causa e foi visto a efectuar fotocópias junto do auditório no hiato temporal em que o referido documento se encontrava [sem qualquer guarda] naquelas instalações.” (...) O documento em causa é justamente o chamado busca n.º 2, uma espécie de lista de planeamento de buscas policiais “com toda a informação, quer seja ou não especulativa”, como refere o depoimento de Maria Alice Fernandes, coordenadora superior de Investigação Criminal na DIC de Setúbal da PJ, à procuradora adjunta Inês Bonina. Era a busca n.º 2 que referia José Sócrates
MIGUEL ALMEIDA ERA "INFORMADOR DA PJ" A PJ, na altura dirigida por Santos Cabral, reuniu elementos que sugerem a existência de uma cabala para tramar José Sócrates nas eleições legislativas de 2005. “Todo o processo parece ter sido dirigido para um fim e para o timing ser nas eleições [legislativas]”, frisou ontem ao CM fonte conhecedora do processo.
Um documento do processo dos serviços do Ministério Público do Tribunal de Instrução Criminal refere essa hipótese: “Subsiste, assim, a hipótese de os acontecimentos se terem processado de forma diversa e de os factos terem sido cometidos por outras pessoas, igualmente interessadas em que o nome do candidato a primeiro-ministro do Partido Socialista aparecesse na imprensa como suspeito de investigação criminal relacionada com a sua actividade política.”
O documento refere a existência de encontros entre elementos da PJ e informadores do caso Freeport: “Em Janeiro de 2005 os inspectores Torrão e Carla Gomes compareceram a dois encontros que se realizaram na Aroeira, na residência de Armando Carneiro [administrador da revista ‘Tempo’].”
Mais: “Em relação a esses encontros o inspector Torrão declarou que [...] com o intuito de recolher informação para a investigação convocou um encontro em que estiveram também presentes Armando Carneiro, Victor Norinha, jornalista da revista [‘Tempo’] e Miguel Almeida [então chefe de gabinete de Santana Lopes e actualmente deputado do PSD].” O documento refere que “as pessoas presentes nessas reuniões eram informadores do processo”.