segunda-feira

Somos todos filhos d'algo

O pequeno caderno de Boris Vian (infra, fora daquele rectângulo)...
Artiste accompli, Boris VIAN s'adonne au Tabou, s'enivre du verbe, le jazz est sa vie, les surprises-parties sont ses vices, Saint-Germain s'en souvient. Quand arrivent les policiers c'est tout un roman. Ses amis se prénomment Colin, Chloé, Wolf, Jacquemort et j'en passe (soit: Jean Passe). Pour vous faire partager ma passion pour ce grand écrivain français qu'est Boris VIAN, je vous donne à disposition de nombreux textes ( Le déserteur, La complainte du progrès, Fais-moi mal, Johnny, Le temps de vivre, Je voudrais pas crever, Premier amour ...), informations sur ses romans ( L'écume des jours, J'irai cracher sur vos tombes, L'Automne à Pékin... ) et plus encore ( Biographie, Bibliographie, Citations, Jazz, Théâtre, 'Pataphysique, Forums, Liens internet... ).
Uma nota para o Andre Benjamim cuja 1ª impressão (fonéticamente falando) me evocou o Bison R. ou o Andrew S. ou, simplesmente, o Boris. O nome aqui pouco importa, Deus diria - eu sou quem cá estou. É sempre tudo tão nominativo que mesmo quando queremos chamar filho da **** a alguém (que o mereça!!!) nunca se atinge a essência desse alguém pelo nome. Experimente-se o seguinte teste: chamar ou ser chamado pelo nome do meio, que nunca utilizamos. O meu é "Henriques" - olho sempre para o lado, supondo que não é comigo.
Quanto ao biblo dos biblos, a Bíblia - é um monumento. A minha foi-me oferecida por uma freira de curvas sedutoras que já não era virgem naquele imenso átrio de Fátima..ou num corredor de Hotel para irmandade de 4estrelas, já não posso precisar. Sei que estava escuro.. e não era Verão. Mas o mais curioso é que a minha B. arranca sempre na página oitocentos e tal... No Livro do Eclesiastes, e por uma razão simples, como doutrina:
1. Não devemos apegar-nos à vaidade, porque ela pode matar-nos;
2. Reconhecer que tudo o que dizemos ou fazemos é uma imperfeição, porque ou foi borrada ab initio ou desactualizou-se com a erosão do tempo, e alguém sempre nos lembará isso, nem que seja para montar as nossas costas;
3. Depois porque como somos naturalmente soberbos, gulosos e gananciosos, mesmo que confessemos o contrário, só nos resta perceber quão alarves somos e pôr o "servo-freio" nos dentes e, assim, limitar os impulsos dos nossos naturais coices humanos.
Creio que até o Freud percebeu isso no miolo da Bíblia antes de o confirmar nas patologias das suas pacientes. Coitadas e deitadas... Qual o preço desse divão hoje... - caso fosse a leilão. Imagine-se o que era um português, um coleccionador, assim um tipo meio brujesso, só me lembro de Joe Berardo (claro está!!!) - ir para a televisão dizer que foi a um leilão e com a sua imensa fortuna conseguiu comprar o divã onde o Freud "tratava da saúde" a algumas das suas pacientes, coisa que ainda hoje sucede em muito consultório de Centro de Saúde Público entre as delegadas médicas e alguns médicos mais artistas, e alguns pouco disfarçam..
Mas s
e observarmos tudo isto interligadamente - não temos uma gravidez de 7 meses, mas candidatamo-nos sériamente à relativa felicidade que a merdinha da vida presente nos oferece, sem cair no tal hedonismo do C.C.Colombo.
Mas fazer tudo isto só porque se deve temer a Deus, é uma grande soda. Pergunto-me sempre: e se a história está errada, ou foi-nos transmitida deturpadamente e Deus é, afinal, o tal filho da **** que vociferamos a dentes semicerrados quando algo nos corre mal. Seria muito triste, senão mesmo dramático, se viessemos a descobrir que andamos a observar os mandamentos dum filho da ****. Mas mesmo que ELE não o seja (Deus me perdoe..), também não é o que cá andamos todos a fazer?! - com ou sem Deus...
Mas o
Boris não era nenhum filho d'algo: era só um tipo genial, e parece que a todos esses Deus reserva ou impõe uma vida tão breve quanto infeliz. O que me impele a recentrar na vexata quaestio: Então Deus é ou não esse tal filho da ****.
Reflectir sobre esta metafísica de pacotilha à Eduardo VII (onde a Catherine DeNeuve ía de peruca e de Jaguar ou era Audi...) no Dia Mundial do LIvro é obra. Imagine-se de que seríamos capazes quando nos derem a comemorar o Dia da Mulher, essa bela raridade que deveria aparecer mais vezes na passarelle da Bíblia, e na minha casa também... Para lhe ler o Qohelet, bem entendido.
Hoje até dá vontade de usurpar uma assinatura e assinar por,
le deserteur

Marco Ballerini recita Boris Vian e Caproni