segunda-feira

Marcelo africano

Marcelo faz apelo à "dança comigo" lá do sítio enquanto faz análise política. Ainda hei-de ver este Marcelo analisando a evolução da política económica e dos problemas e ameaças colocados pelo terrorismo global e, ao mesmo tempo, mandar os telespectadores darem uma olhadela numa cena de Kama-sutra (no cantinho do écran) tendo em vista o aumento da natalidade em Portugal. Assim faz o jeito ao ministro da Saúde, de quem gosta tanto. Não há dúvida alguma: Marcelo além de prestidigitador é um grande entertainer.
Curtinhas de Marcelo africano:
1. Marcelo volta a sobrelevar a telegenia de PPortas e a lassidão de Ribeiro e Castro para encontrar a razão do fracasso deste. Marcelo vê os outros sempre pela sua bitola, pela importância que tem em tv, assim Marcelo deve achar-se genial por ser fluído e ter uma oralidade acima da média em tv. É uma tristeza perscrutar esta lógica de Marcelo para aferir a qualidade de um actor político em sociedade. Acabando por promover gato por lebre...
2. Por isso, se Marcelo fosse Sócrates, referiu: passaria a elogiar PPOrtas (por ser líder dum partido com 2%) e desgastaria Mendes (do PsD, hoje na casa dos 25%). O cinismo deste argumentário analítico revela bem o que seria Marcelo na política activa, pois ainda bem que lá não está. Aliás, sempre que Marcelo lá esteve a realidade virou-lhe as costas, nem arrumar a casa conseguiu. E como analista temos constatado que Marcelo passa muito tempo no Guincho e prepara mal as lições, porque muitas delas remetem para interpretações apressadas de um Maquiavel à-Intendente que importa evitar. Oxalá não ensine isso aos seus alunos, senão nenhum deles vai para a política, e os que eventualmente forem tornam-se piores ainda do que aqueles políticos miseráves que hoje estão no activo. Marcelo deveria citar menos Maquiavel (e mal..) e mais Kant (e bem).
Como analista recomenda-se mais seriedade e maior profundidade na avaliação dos temas. Ele que ponha os olhos em António Vitorino, que manda menos bites, bytes e sounds mas é, de longe, mais sólido, sério e profundo no tratamento dos temas e na avaliação dos fenómenos sociais com peso político, aparte de ser do PS - tal como Marcelo é do PsD. Mas segundo reza a história o António Vitorino não envia as questões por fax à Judite.. Por isso, qualquer dia os portugueses ainda assitirão Marcelo, desdobrado em dois, fazendo um programa político consigo próprio, fugindo dum lado para o outro da cadeira para preencher o papel de entrevistador e de entrevistado ao mesmo tempo. Na prática, hoje isso já sucede, mais de forma oculta. O Miguel Sousa Tavares é que o deveria entrevistar... Mas Marcelo não quer.
3. Depois sobreveio a privatização da RTP, e mais uma vez MMendes se afundou, Balsemão safou-se e Pina Moura-ideológico assumiu-se como o homem da Prisa em Portugal. Veremos quem é o "Aznar" que Pina irá fazer cair.. Bem me parece que os holofotes se direccionam agora para o Paulinho das feiras...Pois para MMendes jão será necessário "atacar", visto que ele se destroi a si próprio com as suas intervenções e comunicados de imprensa "mais papistas do que o Papa".
4. De seguida Marcelo disse mais umas coisas sobre a chantagem que a Uni fez ao PM que até me pareceu que anda a ler o Macro, mas não faz mal, por aqui já nos habituámos a dar pasto a turistas e a outros nómadas que de tão previsíveis se tornaram que já consigo adivinhar com o som em of os temas e os actores que o Marcelo africano irá falar e dissecar.
Eis o Marcelo africano: um homem agora tropicalmente previsível. Quanto a Flôr Pedroso continua como sempre - uma mulher interessante dona duma bela vox e com um potencial enorme, africano...
O branco fica-lhe bem, mormente em África. Contrasta, e ela sabe-o. Só me admira é ela ter ficado tão branca, logo em Moçambique.