domingo

Requiem por MMendes, não acerta uma. Um dia Mendes ainda defende a privatização do O2

Privatizar a RTP não é uma opção, é uma irresponsabilidade (Expr. ass.,)
Por Nuno Morais Sarmento “Ninguém fez mais pela nossa comunicação social do que o PSD. Manter este legado activo exige mais do que propostas avulso e medidas incoerentes”
Era uma vez um país (e alguns existem) que tinha mais de uma centena de canais de televisão em sinal aberto. O número e diversidade de canais garantia a cobertura e tratamento de todos os temas e opiniões. O serviço público de televisão tornara-se residual, quase desnecessário. E ainda assim ninguém o contestava.
Ao mesmo tempo, noutro país (como vários na Europa), com algumas, poucas, dezenas de canais, o serviço público de televisão mantinha-se como reserva de soberania e garantia de tratamento de temas e opiniões ainda que minoritários ou marginais. E também ninguém o questionava.
Finalmente, um país com apenas quatro canais. Simultaneamente o país europeu com maior índice de iliteracia e de exposição televisiva (mais de três horas/dia), com franjas significativas do seu território e da sua população limitados a dois ou três canais (por sobreposição das emissões do país vizinho), com uma crise de identidade, desde logo linguística, e com uma escassa oferta de bens culturais alternativos. E foi aqui que se lembraram de propor a privatização, total ou parcial, do serviço público de televisão.
Penso que, mais do que qualquer modelo teórico, é o confronto da realidade que melhor sustenta o enunciado deste texto: em Portugal, privatizar a RTP não é uma opção, é uma irresponsabilidade.(...)