sábado

A explicação ridícula de Isaltino

Caso Isaltino Morais: Ministério Público conclui investigações e emite despacho final.
20.04.2007 - 21h25 Lusa, PUBLICO.PT O Ministério Público já concluiu a fase de investigação ao caso "Isaltino Morais" e proferiu um despacho final, no qual o autarca de Oeiras é acusado pelos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, no âmbito do processo das contas bancárias na Suíça, avança a edição online do “Expresso”. Isaltino Morais diz que “finalmente” conhece as acusações que lhe são atribuídas e reafirma a sua inocência.
Obs: Todos sabemos que Isaltino fez imenso por Oeiras, modernizou estruturas, desenvolveu o concelho, empregou os amigos, os amigos dos amigos, os amigos dos amigos dos amigos, tapou buracos no teto de casas de pessoas humildes na região, tratava por tu algumas pessoas, lembrava-se do nome de outras tantas. Foi um verdadeiro self-made-man, protegia os amigos dentro da filosofia do Godfather do Mario Puzzo, mas à portuguesa. Fez muito pelo concelho, mas talvez tenha feito mais por ele e e pelo seu património - que se alargou desmesuradamente, e é aqui que reside o problema.
Um dia, porque não concordou com um artigo que escrevi na revista Tempo - retorquiu de forma elegante e persuasiva e fez-me ver a sua razão. Foi elegante, mas isso não esconde aquilo que sempre pensei dele. Alguém que operando dentro da legalidade também sabe operar nas suas margens, mas num estado de direito as coisas não se podem ficar pelas meias tintas, fui de parecer que jamais um autarca modelo deste porte, até por esta razão, jamais deveria ter-se (podido) candidatar com o peso das acusações gravíssimas que impediam sobre. Já jara não falar na campanha sórdida - com panfletos reles - que fez distribuir nas vésperas das eleições autárquicas procurando manchar a idoneidade de Teresa Zambujo - sua concorrente (do PSD), e só ganhou as eleições porque tinha uma frota de transportes para levar e trazer os idosos do Concelho que já estavam industriados em quem deveriam votar. Eu próprio assisti a isto em Carnaxide onde então residia.
Sejamos sérios: foi por esta via manipulatória que Isaltino ganhou as eleições com mais 3 mil votos à Teresa Zambujo.
Ao dr. Isaltino digo-lhe para ter juízo, o seu curso de Direito não chega para ocultar aquilo que se estuda em Ciência Política, e aqui estuda-se tudo, até os mais sofisticados mecanismos da corrupção, ainda que tecidos sob a aparência de normalidade. Só num país como Portugal é que se permite que um valentim, uma Felgueira, um Isaltino andem por aí, impunes governando as cidades como se fossem anjos portadores de virtudes, e, de facto, não são nada disso.
Desejamos-lhe uma boa defesa, mas para já gostaria de referir que Isaltino, por aquela explicação - agora sabe de que é acusado - não deveria fazer de parvos as pessoas. Se calhar ele pensava que os oeirenses, os portugueses em geral, acreditavam que ele havia sido acusado de roubar chocolates no Pingo Doce e relógios suíços montados na China vendidos nas lojas dos 300 de Carnaxide...
Este Isaltino saí-se com cada uma que até já me pergunto como é que uma pessoa que se justifica assim foi considerado o autarca modelo de Portugal. Ele que tome nota disto.
Confesso que até eu já me tinha esquecido deste cromo do poder local em Portugal. As ilegalidades e as anormalidades são tantas e tão díspares que os portugueses já começam a encara com normalidade aquilo que se sedimentou, cresceu e desenvolveu, com uma erva daninha, à margem da lei. Infelizmente, o poder local em Portugal está repleto destas ervas, que andam de mãos dadas com os interesses ocultos da construção civil e a futebolítica - que depois fazem as ententes cordiales para ganhar as empreitadas e eleger os novos donos da bola, os novos caciques. Sintra também padece deste vício e desta cultura.
Pelo que sugerimos aqui à dona Judite de sousa da rtp que, à semelhança da sua diligência para entrevistar o corrupto Valentim Loureiro, entreviste a esse propósito o autarca de Sintra. Era capaz de ser esclarecedor acerca de muita coisa, até dos meandros que hoje envolvem as golpadas que constam das acusações de que o autarca de Oeiras é acusado.