Fernando Pessoa: a escolha do Macro como personalidade do séc. XX
A escolha do Macro para personalidade do séc. XX - recai em Fernando Pessoa. Já qui o dissémos e justificámos. Mas nunca é demais repeti-lo, porque sempre que se justifica essa opção a explicação que se dá também ganha nova tonalidade. Mas se pensarmos bem aquilo que faz de Pessoa o génio que foi, ainda que não reconhecido devidamente ao tempo, igual sorte teve Mário de Sá Carneiro (que se suicidou) - foi o facto de Pessoa ter conseguido condensar em si múltiplas vocações: poeta, psicólogo, filósofo, enfim, foi muita coisa ao mesmo tempo - cumprindo bem o papel de todas essas dimensões na assembleia de heterónimos que criou...Pessoa, sem querer, ou talvez não, tirou-nos a fotografia a todo at once.
Pessoa era, de facto, um intervalo entre o que era e o que desejava ser, entre o seu sonho e o que a vida fez dele. E nós, o que somos - senão isso mesmo?! Mesmo não sendo guarda-livros ou tradutores de cartas comerciais ou percursores na arte e técnica publicitária, somos também esses intervalos.., no meio de algo que um dia finda.
Depois, como nenhum outro, Pessoa teve a simples genialidade de representar essa encarnação ficcional dos muitos que há em nós, e abriu esse monólogo com todos nós, obrigando-nos a pensar, a inventar, a narrar o que vemos e sonhamos. Pessoa mobilou a nossa consciência mas também alimentou o nosso inconsciente, e hoje somos todos pessoanos, mesmo aqueles que só leram o pobre zaramago...
- PS: Dedicamos esta pequena nota aos amantes de Fernando Pessoa, um génio português de sempre.
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