segunda-feira

Um pedido ao Doutor Teixeira dos Santos, ministro das Finanças

Solicitamos aqui ao Doutor Teixeira dos Santos (que tem um curriculo impressionante e uma preparação académica assinalável) que leia atentamente este Editorial do Jumento, que deve merecer a concordância de muitos milhares de portugueses, mais do que aqueles que acham pacífico a escolha do dr. Macedo, e que actue no plano discursivo e político mais em conformidade com aquilo que são as realidades, os interesses e as expectativas dos portugueses. Julgo que os esforços políticos que está dispendendo com o fito de reconduzir o sr. Macedo vão contra todos os princípios éticos e políticos que, a serem continuados, estou mesmo em crer que representarão uma espécie de "1º buzinão" na ponte ao tempo de Cavaco - desta feita no governo de Sócrates. Creio que não haverá necessidade para isso, basta só que o Doutor Teixeira dos Santos veja bem quem tem dentro de casa e escolha alguém com competência e mérito para o cargo e depois dê a sua confiança política, que terá também de ter a cobertura do PM, that' s all.
Embora compreenda que o sonho de qualquer ministro das Finanças, da Economia ou do Comércio seja o de ser convidado pelo millenium ou outro para banco para Administrador - a ganhar 5 mil cts mês.
Por outro lado, o Macro fica satisfeito com leituras que venham das bandas das Finanças, e até do próprio ministro das Finanças - desde que não seja o sr. Macedo - que não fala, não respira, não lê, não comenta, não se vê em nenhum esclarecimento público, só na missa diante do altar rogando por melhores futuros. O sr. Macedo passa sempre por "entre", e creio que nunca fala porque tem um pavor enorme que as pessoas descubram a sua normalidade, embora admitamos que posssa ter alguns problemas de gramática. Ou seja, o dr. Macedo pensa que se continuar a não falar - abusando do seu reumutismo - mantém o mito do geniozinho que já criou para si, mas isso é contrapruducente. Afinal, o que o faz correr? A sua manutenção da DGCI significa que a Opus day controla a instituição mais poderosa em Portugal, e isso é tremendamente perigoso.
Por fim, deixo aqui uma nota de apreço ao doutor Teixeira dos Santos por ver o Macro, regresse mais vezes, até porque é um schollar, doutorado na Carolina do Sul, com a dissertação de doutoramento: "Three Essays on Portuguese Monetary Economics" (1985) - que tem revelado coragem e vontade de enfrentar algumas corporações e interesses sectoriais a bem do interesse público, mas depois há estes pecadilhos que estragam a pintura... Também o apreciei ver debater com o extremo pessimismo - quase catastrofista do prof. Henrique Medina Carreira num dos Prós & Contras de 2006... Ainda que com alguns corsi e ricorsi, como é próprio de qualquer ministro das Finanças - que nunca sabem ao certo de quanto dinheiro dispõem para alimentar todos os ministérios, cada vez mais pedinchões e perdulários, mas no caso vertente - por uma questão de lei mas também de ética política - aquilo que os 10 milhões esperam dele é que siga a regra do common sense.
Até porque quando pedimos uma conta, queremos que ela tenha conta, peso e medida. E tomamos isso em conta.
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O Editorial do Jumento -
Funcionários, filantropos ou mercenários? a este ritmo de produção ainda monto uma linha aberta, espero que não cobrem os royalties a preços de mercado do sr. Macedo. Ora, ganhando aquele cerca de 4.000 cts/mês daria 160 cts dia. Uma loucura, depois nem saberia o que fazer a tanto dinheiro.
"Com a questão do vencimento do director-geral dos Impostos corremos o risco de instituir o direito à asneira, tantas são as que temos ouvido nos últimos dias. Não vou, por agora avaliar, o trabalho do dr. Macedo, apenas refiro que todas as taxas de crescimento que ele próprio divulga reportam-se a anos de referência em que ele próprio era director-geral, ou então em relação ao ano anterior, um dos piores na história do fisco, isto é, o segredo do sucesso do dr. Macedo está no facto dele ser melhor do que ele próprio.
Toda a gente avalia o dr. Macedo dizendo que o seu trabalho é excepcional, esquecendo que é excepcional por comparação com um péssimo trabalho dele próprio. É evidente que se pode argumentar que há uma evolução, da mesma forma que se pode responder que o dr. Macedo foi o grande beneficiário da modernização da máquina fiscal iniciada por Sousa Franco e dos muitos milhões de contos que Manuela Ferreira Leite investiu na informática.
É triste ver um ministro das Finanças, que todos os dias se deita e acorda a pensar na forma de cortar nos rendimentos os funcionários públicos, incluindo os do Fisco, aparecer de forma quase subserviente garantir que dará as cambalhotas necessárias para violar uma lei do seu próprio governo. O comportamento do ministro das Finanças é ofensivo para os funcionários públicos e, em especial para os seus dirigentes, muitos deles mais competentes que o dr. Macedo, mas que conseguem ver nas suas funções o exercício uma dimensão de serviço público, e não recorrem aos poderes ocultos do Millennium e da Opus Dei.
É triste ver os políticos da treta deste país a renderem-se a uma manipulação abusiva da informação, ao ponto do dr. Macedo se dar ao luxo de violar a constituição, promovendo uma missa que nem no tempo de Salazar alguém se lembrou de promover. Foi triste ver o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais a participar na missa sentando-se envergonhado na última fila e o ministro a usar o argumento idiota de que a sua celebração tinha sido à borla tentando provar algo que que ninguém entendeu. O Estado português está assim tão de rastos que qualquer um possa fazer o que lhe apetece desde que isso não tenha custos para o erário público? Está assim tão rendido ao supranumerário para que este viole a Constituição e se arme em apóstolo do rebanho fiscal?
E ninguém repara que o dr. Macedo é um profissional vinculado ao Millenniu, um banco que é um dos grandes clientes do contencioso da DGCI, que está sob suspeita no âmbito da Operação Furacão e que ainda recentemente subtraiu uns largos milhões de euros num processo que a IGF considerou fraudulento? Se o dr. Macedo é um mercenário então é preciso dizer que na Administração Pública há gente competente para gerir a DGCI, mas se é um mecenas que veio salvar o fisco, então que seja o Millennium a pagar-lhe o ordenado com os muitos milhões de euros que tem subtraído ao fisco por processos manhosos.
Mas ver um governo que ainda há pouco tempo era acusado de peronista por João Salgueiro tentar manter no fisco um “comissário” do Millenium e ainda por cima pagar-lhe segundo critérios próprios de mercenários é inadmissível. Como se explica que haja tanta gente a defender que o director-Geral dos Impostos de um país cujo Governo põe os cidadãos a andar de alpargatas ganhe mais do que o presidente dos EUA (310.245€), muito mais do que Tony Blair (270.417€) e quase o triplo daquilo que ganha Jacques Chirac (72.800€ fonte) ou Zapatero (87.500€ fonte).
O Governo faça o que entender, pague ao sr. Macedo o que quiser, mande as suas próprias leis para o lixo, mas não goze com aqueles que sujeitos a sucessivos cortes dos seus vencimentos insistem em dar o seu melhor em nome de um conceito de serviço público.