domingo

Porque razão os intelectuais são tão odiados

A arrogância e a soberba integra um dos pecados capitais do homem. Só através da cultura refreamos isso e nos tornamos humildes. Sócrates, o de Atenas, deu-nos uma terrível lição a esse propósito. Jesus Cristo, filho de Deus, também. Mas isto não responde à nossa questão. Segundo cremos - os intelectuais são assim tão odiados porque pretendem ter sempre o monopólio da razão, i.é, vêem nela um privilégio exclusivo da sua própria inteligência e saber, tudo o resto é lixo. Tudo o mais deverá submeter-se-lhes.
Depois, esta gente fala através dos seus livros, dos seus artigos e ensaios, dos comentários que fazem nos media, alguns misturam-se selectivamente com a blogosfera - só aquela que os venera, claro está!!! A outra, ainda que mais potente, mais independente, mais criativa, mais reflexiva, em suma, mais talentosa, é posta à margem para não galgarem os taipais da fama - medida em visitas e links. Ora, o Macro - sempre esteve nas tintas para essa treta, até porque sabemos que há blogs pequenos que são em tudo superiores aos que têm muitos links - na republica de citações usada na blogosfera, um meio que reflecte o pior que a sociedade de carne e osso alberga. É triste, mas é assim.
Depois os intelectuais só se sentem com erecção mental quando debitam umas verdades acatadas por outros, de preferências pelos políticos - para assim darem corpo às suas ideias - e assim fazerem inchar o seu ego na esfera pública. Mas não se limitam apenas a proclamar a verdade, vão mais longe: querem também ditar a justiça, o bem, o direito natural... Alguns, até ditam o estado do tempo para o day-after, mas nunca acertam. fazem lembrar o Anthímio de Azevedo na década de 70 de antena na mão... Mas as nuvens fugiam-lhe sempre e o diagnóstico também. Tudo inventado por estes talentoso rapazes do génio. Nada, portanto, resiste à sua vaga de inteligência e talento. Estamos até convencidos que a maior parte dos intelectuais não usa chapéu porque a rotação das ideias é tal que nenhum lá se aguentaria...
Alguns desses pacóvios têm ainda uma outra prorrogativa: estar sempre sentados à mesa dum jornal, duma tv, duma rádio... Parece até que comem, bebem, dormem dentros dos estúdios, das redações e das cabines de som. Talvez por isso tenham também tantas condições favoráveis nos debates públicos - e os políticos não os querem ter por inimigos - porque julgam que assim perdem votos.
De facto, com honrosas excepções em Portugal, os intelectuais são mesmo uns pedantes, e alguns nem filósofos sabem ser. Estou-me agora a lembrar dum soit-disant filósofo da treta que se candidatou à autarquia de Lisboa: perdeu e nunca mais lá pôs os pés. O seu nº 2 criticou públicamente a sua sistemática ausência e foi imediatamente expulso do estatuto que tinha legitimamente no partido. Eis um exemplo execrável que espelha bem a sintomatologia de alguns intelectuais em Portugal.
São também conhecidos como intelectuais de aviário...