A Hubris de António Costa e a surpresa do PR na Autoeuropa
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Ver o PM, numa fábrica de Automóveis, a fazer campanha politico-partidária, é tão penoso quanto surpreendente.
- Revela desrespeito pelos trabalhadores da empresa Autoeuropa, que têm preocupações e necessidades distintas das do Largo do Rato e da carreira de A.Costa como novel PM;
- Desrespeito institucional pelo PR, que foi tomado de surpresa (ou não!!) por tais deslocadas e extemporâneas declarações politico-partidárias e respondeu de forma airosa, como é seu apanágio;
- E, no limite, um atropelo mental aos portugueses em geral por se verem, de súbito, e em pleno ambiente de pandemia, atropelados na linha de montagem mental dos desejos e ambições mais íntimas e secretas de A. Costa que, doravante, se confessa: quer ser, de novo, PM de Portugal.
- Não é comum ver tanto descomedimento no PM. Será que ele acha que a forma como tem resolvido os probemas do país merecem tanto excesso de confiança manifestado na esfera pública?
- A que se deve, afinal, aquele orgulho exagerado, aquela presunção, para não a designar mesmo como arrogância do poder!?.
- Confesso que a imagem pública do PM, de forma paulatina, se tem vindo a desgastar, e não me refiro ao tema-problema dos fogos ou ao episódio grotesco de Tancos; reporto-me concretamente às declarações feitas no domínio da pandemia, como dizer que "nada faltava nos hospitais", quando nem máscaras havia para o pessoal médico. A população, essa, também em resultado das declarações falhadas do PM, porque falsas, tiveram de as comprar a preços altamente especulativos sem que as entidades fiscalizadoras do Estado - chefiado por A. Costa - actuassem a tempo e horas.
- Durante alguns anos, o PM dinamizava a sua acção inspirado em alguma prudência e bom senso, ambos regulados por algum comedimento. Hoje, na presença de Marcelo, que o PM acha que é o seu certificado de aforro político para os próximos anos em S. Bento, faz comícios partidários em fábricas estrangeiras instaladas em Portugal, e onde se montam veículos. Foi, ao mesmo tempo, caricato e desconcertante.
- Dito isto, a que conclusões podemos chegar acerca da conduta desviante do PM? É que A. Costa, na ânsia de cativar o poder em seu proveito, pretende já reservar o seu lugar cativo no cadeirão de S. Bento, ainda que algumas das suas condutas ou tiradas mais imprudentes revelem algo mais profundo: paixão obsessiva pelo poder, dinamizado por um carácter irracional e até desequilibrante. O que diriam os alemães se vissem a sua chancelarina, A. Merckel, fazer um pequeno comício numa visita a uma empresa, nacional ou estrangeira?!
- Dito isto, a que conclusões podemos chegar acerca da conduta desviante do PM? É que A. Costa, na ânsia de cativar o poder em seu proveito, pretende já reservar o seu lugar cativo no cadeirão de S. Bento, ainda que algumas das suas condutas ou tiradas mais imprudentes revelem algo mais profundo: paixão obsessiva pelo poder, dinamizado por um carácter irracional e até desequilibrante. O que diriam os alemães se vissem a sua chancelarina, A. Merckel, fazer um pequeno comício numa visita a uma empresa, nacional ou estrangeira?!
Ou, mais grave, será que o PM - naquela tirada na Autoeuropa, teve um mero descaso para com os demais actores da cena política portuguesa, achando que pode fazer tudo o que quiser no tabuleiro político...
- Até na relação que o PM tem com a banca se parece terrivelmente com a posição de Passos Coelho, o delegado da Troika em Portugal. Nunca pensei escrever isto, mas também nunca pensei constatar o desconhecimento do PM, por acção ou omissão, numa matéria tão relevante e sensível com os milhões que o erário público disponibiliza para a banca, sobretudo aquela que é tóxica, corrupta, não transparente e que esbulhou milhões a clientes particulares, como pequenos empresários (padeiros, comerciantes de pequenas lojas, etc) e médias e pequenas empresas que viram o seu fim às mãos da gestão fraudulenta do ex-DDT, Ricardo Salgado E. Santo - que ainda anda por aí...
- No passado, as pessoas, com ou sem poder, que cometiam transgressões, e que da sua acção resultavam prejuízos para terceiros com alteração da ordem social, eram castigadas. Pois não se compreende que milhares de pequenas e micro-empresas já tenham solicitado pedidos de apoio financeiro para segurar as suas pontas de tesouraria modesta e, volvidos dois meses de pandemia, a burocracia montada ainda não permitiu agilizar e canalizar esses fluxos financeiros para aquelas produtoras de riqueza. Ao invés, um banco tóxico, de gestão obscura e sem estar sindicato, estala os dedos e saca quase 1B€ ao Estado mais pobre da UE.
- Costa, lamento dizê-lo, está a ficar cada vez mais parecido com Passos Coelho, movido pela norma de ser forte com os fracos e fraco com a alta finança banco-burocrática deste país à beira-mar plantado.
- Contudo, desconhecemos se o PM, que faz hoje do PR o seu certificado de aforro a longo prazo, sem que Marcelo lhe tivesse pedido nada (tamanha humilhação!!!), irá ser castigado pelos deuses imortais que não perdoarão a sua cegueira da razão. Mas o povo português, e com a sorte de o PM não ter oposição sólida no PSD (pois ela apenas desponta no BE) - pode não querer esquecer-se dos incêndios de Pedrogão de 2017, da comédia-trágica de Tancos, do colapso da estrada de Borba, da subjugação à banca, etc.
Os portugueses, por vezes, têm memória e não gostam do excesso de confiança, dessa insolência disfarçada de bonomia tão característica da conduta do atual PM que pretende, hoje, reservar o lugar do seu futuro político à boleia do seu antigo professor e que se posiciona na velha direita portuguesa.
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