terça-feira

Prefiro mil vezes os credores aos comunistas - diz António Barreto

Nota prévia: Lendo o artigo deste sociólogo, cujas teorias e interpretações da história há muito estão desactualizadas, o mesmo serve apenas para confirmar o que penso deste ex-socialista há décadas convertido à economia de casino hiper-especulativa que foge aos impostos e de que, durante uns anos, fez parte e "bebeu do fino". 

- Reporto-me, naturalmente, à  sua íntima relação que desenvolveu com a Fundação Francisco Manuel dos Santos - dona do Pingo Doce - até ao dia em que, por causa de divergências com o "credor" Alexandre Soares dos Santos, foi substituído ou simplesmente descartado - como acontece sempre que o "kapital" se chateia com quem o serve.

- Barreto devia saber que o PCP, apesar de ter alguns défices de democracia interna no seu partido, jamais estaria em condições de condicionar a acção do PS num Governo democrático e pluralista, até porque não estamos no tempo e no ambiente do Pacto de Varsóvia, nem no regime das chamadas democracias populares - de partido único que, a qualquer momento, eram defendidas a tanque de guerra pela doutrina da soberania limitada, originária da década de 70, teorizada pelo camarada Leonid Brejnev. 

- Esse tempo e esse contexto sociopolitico e militar já lá vai, mas A.barreto, como sabe pouco de história política e nada de relações internacionais, insiste em vegetar nas suas anacrónicas leituras acerca da sua versão da "estória".

- Por outro lado, e em matéria de relações internacionais, a doutrina oficial do PCP é igualmente deficitária, limitada e anti-americana, mas pouco poderia fazer para condicionar o PS na defesa e manutenção da integração de Portugal na NATO, já que a matriz euro-atlântica do PS, e do regime democrático português, jamais submergeria face à rigidez ideológica do velho PCP. Este poderá fazer uma vigília pugnando pela liberdade de um activista angolano, mas isso não seria condição suficiente para questionar as relações de Estado a Estado - Portugal - Angola - que a realpolitik impõe. Até para preservar os elevados investimentos que Portugal, cinicamente, quer salvaguardar por parte dos investidores angolanos no rectângulo. 

Em 3º lugar, Barreto deveria ter em linha de conta os estragos gerados pelos ditos "credores" na economia portuguesa: arruinando empresas, empobrecendo famílias, fracturando o tecido da economia nacional, enfim, empobrecendo Portugal e os portugueses.  Em face disto, Barreto está mais preocupado com  a rigidez ideológica do PCP, cujos efeitos na Europa são insignificantes, e que perante uma negociação com o PS teria uma oportunidade para se modernizar e democratizar, do que com a economia de casino austeritária que Passos implementou em Portugal, desmantelando o Estado social que barreto em tempos defendeu.

- Barreto, no fundo, ainda não compreendeu, volvidos todos estes anos, que não pode (nem deve!!!) - do ponto de vista teórico, epistemológico, cognitivo e até histórico - fazer uma simples transposição das canalhices que os comunistas soviéticos (enquanto ditaduras de esquerda) fizeram aos povos satélites da ex-URSS (ao abrigo da doutrina da soberania limitada dos 70´s, garantida pela eficácia militar brutal do então Pacto de Varsóvia) - e associá-la, de forma primária, à praxis política do PCP, cujos membros combateram a ditadura de Salazar e alguns tiveram de se evadir da prisão do forte de Peniche da forma mais espectacular (link). 

Barreto, pelo que escreve e, acima de tudo, pelo que omite na sua reserva mental (deixando ainda entrever que o PCP ainda "come criancinhas ao pequeno-almoço"), revela, afinal, que não conseguiu compreender as leis da história, a sua dinâmica nem a própria história política portuguesa contemporânea, o que é ainda mais grave para alguém que se diz sociólogo ou cientista social.

Mas terá razão naquilo que é mais básico, quando afirma que Cavaco incorreu num erro em não ouvir todos os partidos com representação parlamentar no momento pós-eleitoral e uma vez apurados os deputados pelo círculo da imigração. Assim como cavaco contribuiu para a dinâmica dum "tempo alucinado" que vivemos, Barreto, na defesa das suas anquilosadas teorias, ainda consegue, como sociólogo, ser mais retrógrado e assumir uma postura anti-histórica do que as limitações democráticas reveladas ainda pela falta de liberdade interna do PCP. 

- Ao contrário de Barreto, prefiro um governo de esquerda, liderado pelo PS do que recolocar a troika austeritária no poder - pela dupla de meliantes Pedro e paulo - coadjuvada por um empresariado que Barreto serviu, e que tem como práxis empresarial arranjar paraísos fiscais para fazer fuga fiscal sem que o Governo (amigo!!!) mande a Autoridade Fiscal seguir/fiscalizar esses casos de modo a taxar os impostos correspondentes em Portugal. 

- Barreto, além de não compreender a história do seu país - revelou também não compreender a lógica trituradora do capitalismo neoliberal sem regras que graçou em Portugal durante 4 anos. Com a agravante de termos um governo que violou grosseiramente a CRP, só travado pelos acórdãos do Tribunal Constitucional. Mas isso serão minudências políticas que escapam ao soit-disant sociólogo..., a quem as regras do estado de direito pouco ou nada dizem.

- Enfim, ele lá sabe porque prefere os credo$es...

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Prefiro mil vezes os credores aos comunistas”, escreve António Barreto

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António Barreto, homem com ideais de esquerda, assina hoje um artigo de opinião polémico, no Diário de Notícias, onde se manifesta contra uma coligação ou acordo de incidência parlamentar, entre PS e PCP.
Muito crítico para com a atuação dos comunistas ao longo da história da democracia portuguesa, o sociólogo acusa o partido liderado por Jerónimo de Sousa de estar historicamente à margem das soluções democráticas.
“Na verdade, o PCP não faz parte das soluções democráticas. O PCP integra o sistema democrático pela simples razão de que a democracia é o regime de todos, incluindo dos não democratas”, escreve, numa análise aos resultados eleitorais, com ênfase aos derradeiros dias de campanha eleitoral que deixaram fazer prever este impasse.
“Os partidos nas últimas eleições não afirmaram simpatia pelos adversários, antes pelo contrário, elevaram o insulto à categoria de joalharia”, realça.
Sem citar António Costa, o sociólogo manifesta-se contra a solução apresentada à esquerda.
“A ter de ficar nas mãos de alguém, prefiro mil vezes os credores aos comunistas. Destes, sei que não se sai vivo nem livre”, defende.
Mas António Barreto vai mais longe e defende que, “enquanto o PCP se mantiver fiel a tudo quanto o fez viver até hoje, deveremos tratá-lo como todos os comunismos e fascismos: combatê-los com a liberdade”.
Quando a uma solução governativa, Barreto preconiza uma coligação entre PSD e PS, como os dois partidos mais votados.
Havia soluções simples e compreensíveis. Por exemplo, o partido mais votado, PSD, convidava o segundo partido mais votado, PS, para uma “grande coligação” de governo e um “compromisso histórico” que permitissem a saída do ciclo de austeridade, o início de um período de desenvolvimento e a preparação de projectos de investimento”, realça ainda, neste artigo no DN.
António Barreto critica ainda o Presidente da República, salientando que “Cavaco Silva errou ao designar um ‘procurador’ em vez de um ‘formador’”, aludindo a Passos Coelho.
Nesse sentido, prossegue, o chefe de Estado “contribuiu para a criação deste tempo alucinado que vivemos”.
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