Tributo à teoria da Espiral do silêncio e à sua autora, Elisabeth Noelle-Neumann (1916-2010)
Desenvolvida na Alemanha, parece que tudo agora que é made in Germany é bom.., a chamada teoria da espiral do silêncio regressa à ideia dos media poderosos capazes de impor agendas, opiniões, e já não apenas sugerir temas e debates. Segundo aquela autora, cientista política alemã, um medo do isolamento integra todos os processos de formação da opinião pública.
Ou seja, o indivíduo que percebe que as suas convicções perdem terreno é chamado a silenciá-las, ou então a mudá-las. Apoiando-se neste conceito de um processo interaccionista que gera uma espiral de silêncio, define-se a opinião pública como aquela opinião que pode ser expressa em público sem risco de sanções, e sobre a qual se pode apoiar a acção conduzida em público.
- Quando se exprimem minorias activas, por exemplo a respeito das condições de género, de igualdade de oportunidades, de xenofobia e outras, a maioria dos indivíduos é sensível ao que pressente como a opinião dominante, ou como futura opinião dominante.
- A essa luz, a teoria da espiral do silêncio vai ao encontro da função de agenda, ainda que numa versão mais depurada. Como que propõe um verdadeiro programa com vista a estudar não apenas os temas que devem ser objecto de debate nos media, como a hierarquia que se passa a estabelecer entre eles e os temas propostos, assim como o prestígio associado aos intervenientes do processo de luta política e, finalmente, ao modo como imporão a sua opinião.
- Elisabeth Noelle-Neumann, num rasgo de talento e genialidade acabou por sistematizar a sua teoria, que ficou consagrada, e que assentou na ideia segundo a qual os media são "criadores de opinião pública".
- Ora, hoje os portugueses acordaram com uma notícia que debitou o resultado duma sondagem, a qual atribui (erroneamente) uma vantagem de 5 pontos da coligação do centro-direita ao PS, conferindo também ao alegado PM maior confiança para continuar a ser o PM de Portugal quando comparado com o líder do maior partido da oposição, António Costa.
- Não vou aqui discutir as extrapolações dessa sondagem, que me parece demasiado irrealista e com escassa adesão à realidade (e até desrespeito pelos eleitores), mas o seu propósito e intenção não deixam margens para dúvidas, i.é, há sondagens (ou empresas ligadas ao ramo com maior ou menor ligação e/ou protecção e apoio governamental e partidário) que não hesitam em querer ser actores activos no processo de luta política que se avizinha, e tudo fazem para condicionar a oposição e, por essa via, favorecer a situação, ou seja, quem ocupa o poder, pois é esse o actor - no plano governamental e partidário - que garante os favores com vista a atender aos interesses corporativos de certas organizações que negoceiam tudo, ou quase tudo, até a vontade e a opinião dos eleitores.
- O dr. Portas - ao tempo em que andava de Jaguar nas avenidas novas na Capital, e que em tempos deu aulas na Universidade Moderna na área dos media studies, já leu ou, pelo menos, ouviu falar desta teoria e desta autora, por isso deveria saber que outros já leram aquilo que ele procura vender hoje ao Portugal profundo que vota e tem uma ideia precisa sobre a sua prestação como cooresponsável do XIX Governo (in)Constitucional. Já não me reporto ao dr. Passos, porque os seus recursos intelectuais estão mais em linha com os do dr. Cavaco, que um dia disse que estaria disponível, com a sua experiência e ideias em matéria económico-financeira - em ajudar o governo em funções a fazer sair a economia portuguesa da recessão em que entrou.
- E talvez fosse por causa dessa "prestimosa ajuda" (em grosseira violação das normas do Tribunal Constitucional), que Portugal e os portugueses - ao longo destes penosos 4 anos - afundaram da forma como todos lamentavelmente sabemos...
- Se calhar, seria por causa desta triste realidade, que fez estragos em todos os sectores e sub-sectores da economia e da sociedade portuguesa, que a tal empresa de sondagens fez o tal estudo, manipulando números e enviesando respostas e extrapolando conclusões, quiça na ânsia de ajudar a situação a mais 4 anos de desemprego, défice, emigração compulsiva e pobreza estrutural em que a troika doméstica - Passos-Cavaco-Portas - verdadeiramente mergulharam Portugal e os portugueses.
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PS: Os "tesourinhos deprimentes" do mentiroso compulsivo Passos...
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