quarta-feira

Sondagens, negociatas e sacanagens. A manipulação sondajeira do centro-direita

1apater

Em véspera de um debate político sensível, como o que decorrerá esta noite entre o alegado PM, Passos coelho (que desconhecia a obrigatoriedade de fazer as suas contribuições à segurança social) e António Costa, que substituiu o seu colega de partido (A.J.Seguro) de forma turbulenta na liderança do PS, emergem sempre sondagens que visam agitar as águas e criar um facto político. 

- Eis os factóides do nosso tempo.

- Todavia, urge lembrar que embora as sondagens sejam ferramentas úteis para registar as opiniões dos entrevistados em cada momento, como se se tratasse duma fotografia (algo estático), a sua proliferação fez delas partes interessadas no debate político, com o fito de serem divulgadas e comentadas pelos media, que assim produzem "pseudo-acontecimentos" (os factóides) abundantes susceptíveis de atrair um público que nelas encontra um espelho. 

- Portugal, aliás, já está a ser consumido pelas chamas desta sondomania, que está longe de ser um tique francês e anglo-saxónico. 

- Numa palavra, e ao arrepio do valor das sondagens de véspera que gozam de escassa credibilidade, pois são partes interessadas nos resultados políticos e eleitorais, no caso ligadas ao centro-direita e do agrado da coligação Paf, importa rejeitar a valia científica de supostas sondagens, algumas das quais feitas com perguntas enviesadas, com públicos-alvo pouco representativos da universalidade da população portuguesa e com extrapolações abusivas, logo apresentando conclusões irrealistas.

- Isto significa que encontra fundamento a crítica sociológica que recusa a metáfora do termómetro das sondagens - enquanto utensílio fidedigno da opinião dinâmica dos portugueses empregue pelos técnicos das sondagens.

- Na prática, longe de ser uma simples ferramenta, a sondagem (e a última em particular que dá hoje vantagem ao centro-direita que aqui não linko para não publicitar algo sem credibilidade) tenciona contribuir - com os indicadores e os resultados que veicula - para forjar (e modificar) os resultados das intenções que mede junto das opiniões dos entrevistados. 

- Quer dizer, algumas sondagens não desistem do papel de serem actores no processo da luta politico-eleitoral, porque são partes interessadas num negócio: o negócio da persuasão e da manipulação da vontade dos eleitores a fim de preservar e, se possível, reforçar a manutenção de interesses e a previsibilidade de negócios.

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