segunda-feira

Tantos deputados! - por Eurico Heitor Consciência -

Nota prévia: Quantos eram os deputados necessários para a nação segundo uma ideia defendida em tempos pelo empresário Belmiro de Azevedo?! 
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Tantos deputados!

Ou poucos

Constou-me que no próximo mês de Outubro se bafejará o povo português com uma oportunidade rara: a de votar na atribuição de ordenados, ajudas de custo e outras mordomias a mais de 200 portugueses, que se presume que serão a nata deste povo, visto que está nas leis que serão os representantes deste povo – que os lá põe e lhes paga os ordenados, as ajudas de custo e o mais que à mão deles for.
Partindo do princípio, algo esotérico, de que os deputados sejam coisas úteis, interessará contá-los e analisar a sua distribuição.
Os Distritos do interior (Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja terão, somados, 19 deputados, precisamente tantos quantos Braga conta, menos de metade dos que terá o Porto, pouco mais do que um terço dos de Lisboa, mais um do que Setúbal.
Portanto, cerca de metade do território nacional terá menos de 9% dos deputados. A parte restante terá mais de 91% dos ditos.
Com o que fica demonstrado que os Senhores deputados não passarão de ornamentos da democracia, porque, se fossem úteis, a lei já teria corrigido o critério de distribuição dos deputados, temperando os números dos residentes em cada Distrito com a consideração das respectivas áreas.
Santarém, o distrito de Santarém, vem perdendo deputados: tinha 11 no começo da democracia e das próximas eleições só já poderá tirar 9. Não se poderá afirmar que a democracia lhe tem sido proveitosa, porque assim não diminui o desemprego do Distrito. Sempre eram menos dois desempregados…
Como tanta gente boa que conheço, considerando que os deputados votam como o partido lhes manda, defendo que as eleições deveriam servir só para determinar a potência do voto de cada partido. Os deputados seriam somente 5 ou 6 (um para dada partido com assento paralamentar) e os votos deles eram considerados na exacta medida dos votos apurados nas eleições. Explico já: se a contagem dos votos tivesse atribuído ao PSD 100 supostos lugares no parlamento e só 2 ao Bloco de Esquerda, o voto do deputado do PSD contaria 50 vezes mais do que o do Bloco.
Resolviam-se as coisas como se lá estivessem os 230 deputados que vão para lá agora, e poupava-se o necessário para pagar aos parceiros - empreiteiros das auto-estradas.
Mas não há bela sem senão: essa solução gerava mais 224 ou 225 desempregados de longa duração. A não ser que se criasse um Centro de Formação que desse alguma preparação aos que ficavam desempregados de deputados para começarem finalmente a trabalhar – pouco que fosse.
De qualquer modo, não se pode calar o seguinte reparo: os emigrantes só terão 4 deputados; tantos como o Distrito da Guarda, que terá pouco mais de 100.000 residentes. Quando se sabe que o Benfica tem seis milhões de adeptos lá fora, emigrados, na diáspora, 4 deputados para 6 milhões é ofensivo. Pelo critério demográfico usado para a distribuição dos pais da pátria pelo país, os Benfiquistas emigrados deveriam ter 150 deputados. Pelo menos.
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