A mensagem de Natal - por Luís Meneses Leitão -

A mensagem de Natal

A mensagem de Natal de Passos Coelho tem um óbvio significado político. Ao contrário do que é habitual nesta quadra, o primeiro-ministro não apelou à concórdia e à harmonia, tendo antes disparado em várias direcções. Alvejou António Costa e o PS, afirmando que graças ao seu governo deixou de haver “nuvens negras no horizonte”, pelo que não se pode “deitar tudo a perder”. Mas a seguir atacou Paulo Portas e o CDS, quando disse que “como os portugueses, nunca desisti”, lembrando a célebre “demissão irrevogável” do seu parceiro de coligação.Link

Parece por isso claro que Passos Coelho não tem qualquer intenção de fazer uma coligação com o CDS. E na verdade não se vê justificação para tal. O CDS foi sempre um silent partner deste governo, não tendo sequer autonomia para propor a recuperação do feriado do 1.o de Dezembro. Mas assim foi perdendo todas suas bandeiras políticas. O CDS hoje já não é o partido do contribuinte, que deixou esmagar pelo brutal aumento de impostos, e nem sequer protege os pensionistas, tendo deixado passar o corte das pensões. O PSD não tem assim qualquer ganho eleitoral numa coligação com o CDS, uma vez que este partido será duramente castigado pelos eleitores. Por isso, só por misericórdia do PSD é que o CDS poderia aspirar a ir a votos em listas conjuntas. Mas como a misericórdia não é um valor em política, Passos Coelho irá arrastar a situação até à véspera das eleições, aparecendo então sozinho a sufrágio. E nesse quadro o CDS dificilmente sobreviverá.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa. Escreve à terça-feira

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