Novo Banco da casta do costume -por Nuno Ramos de Almeida -
Em Portugal tudo na mesma, continuamos a pagar os buracos e o roubo dos banqueiros. Está a chegar a hora de exigir o fim deste regime de políticos ligados a interesses privados.link
O primeiro-ministro frisou que os contribuintes não vão ser prejudicados com os custos dessa medida tomada em relação ao Banco Espírito Santo.
"Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para valorizar os activos do Novo Banco e para diminuir os encargos para os contribuintes portugueses, que serão muito menores do que aqueles que seriam se não tivesse sido feito nada", disse o primeiro-ministro.
Estas declarações parecem-lhes familiares? Estão descansados? Agora façam o favor de substituir BES e Novo Banco por BPN. E fiquem cientes de que são declarações do primeiro-ministro Sócrates em 2009, transcritas em notícia do site da TSF em 11 de Fevereiro desse ano.
Recordemos então a sequência. O BPN tinha um buraco anunciado de 700 milhões de euros, o governo e o então governador do Banco de Portugal garantiram-nos que tudo estava sob controlo. No final, estamos ainda a descobrir o buraco do BPN. Está entre 5 mil e 8 mil milhões de euros pagos pelo contribuinte, e o banco foi vendido a um privado por 40 milhões de euros. Neste momento ninguém está preso, os inúmeros políticos e ministros que estiveram no BPN continuam a ser gente feliz e com dinheiro. Lembrem-se das simpáticas mais-valias das acções do SLN ganhas pelo actual ocupante de Belém. Em compensação, a maioria dos portugueses estão muito mais pobres. A crise portuguesa deu cabo da vida da população e continuou a enriquecer os muito ricos e os políticos que eles empregam.
Dizem-nos que o caso do BES é muito diferente dos casos BPN, BCP, BPP, Banif. O banco é sólido, dizem com voz poderosa. "O banco novo, Novo Banco, não vai custar um cêntimo aos contribuintes." O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, repetiu isso, várias vezes, na sua comunicação ao país na noite de domingo.
Voltem a recordar-se, foi o mesmo governador que garantiu ao longo deste ano a idoneidade bancária de Ricardo Salgado. Foi este mesmo governador que garantiu há menos de um mês que o BES era sólido. Foi o Presidente da República, Cavaco Silva, que disse, e Passos Coelho fez coro a 11 de Julho, que "os depositantes podem confiar no BES".
O que sabemos é que os contribuintes vão emprestar mais de 4400 milhões de euros, do empréstimo da troika que o Estado português garante com os nossos impostos, a um sindicato bancário que vai "sanear" o banco e vendê-lo a um privado. Pode garantir-se que não vamos pagar um centavo? Tanto como se podia garantir que o BPN não nos ia custar um cêntimo. Se o BPN tivesse sido vendido por 8 mil milhões, em vez de 40 milhões, claro que os contribuintes não seriam penalizados. Mas pensem: na sexta feira o valor em bolsa do BES era 674 milhões de euros e agora querem convencer-nos que o vendem por mais de 4400 milhões de euros.
Por isso, é preciso apoiar as pessoas que não querem mais ser roubadas e que vão no próximo sábado às 15 horas para a frente do BES. Não há democracia com corrupção. É preciso acabar com este regime de banqueiros que usa quem trabalha e os reformados como porta-moedas para salvar os amigos. Temos o direito a decidir que economia queremos: se para salvar os empregos se os banqueiros. E façam o favor de devolver o país - sequestrado por um regime de políticos que saltitam alegremente nos grupos financeiros privados - aos portugueses. Democracia significa o governo do povo, com o povo e para o povo, e não esta roubalheira.
Editor-executivo
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Obs: Felicito aqui o Nuno Ramos de Almeida por ter memória e de a ter utilizado em benefício do interesse comum através dos factos que aqui eficientemente encadeou.
O sublinhado é nosso. Quer o amarelo, quer o laranja para destacar as mais-valias que o ainda locatário de Belém ganhou indevidamente com venda de acções fora-de-lei, e cuja ordem de venda foi assinada pelo então presidente do PBN, Oliveira e Costa, pessoa de confiança de Cavaco silva e depois preso e libertado.
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