Europa passou cinco séculos a gerir o mundo e a dizer como fazer, mas hoje não tem grandes soluções, nem para o mundo nem para si própria", diz o sociólogo
O sociólogo Boaventura de Sousa Santos afirmou hoje que o sistema político português "não cria cidadãos, cria súbditos" e defendeu uma renovação política de Portugal e da Europa, atendendo às alternativas e soluções que se encontram no "Sul global"
O sociólogo defende que seria necessário reformar o Estado e encontrar "novas democracias", de forma a sair de "uma cultura de submissão", que se insere num "contexto europeu de que não há alternativa".
O sociólogo defende que seria necessário reformar o Estado e encontrar "novas democracias", de forma a sair de "uma cultura de submissão", que se insere num "contexto europeu de que não há alternativa".
Pegando na seleção portuguesa de futebol, constata que a sua participação no Mundial de futebol que decorre no Brasil foi "o espelho do país: sem soberania e sem aspirações".
Portugal e a Europa deveriam procurar "alternativas, olhando para o Sul global", como a América Latina, Índia ou África, e encontrar soluções e respostas que estão a ser desenvolvidas por Estados, comunidades ou regiões fora de uma perspetiva ocidental e "neocolonialista", disse o sociólogo, que irá falar na sessão de apresentação do Colóquio Internacional Epistemologias do Sul, que se realiza entre quinta-feira e sábado, em Coimbra, e que é promovido pelo projeto de investigação Alice, do qual é coordenador.
"A Europa passou cinco séculos a gerir o mundo e a dizer como fazer, mas hoje não tem grandes soluções, nem para o mundo nem para si própria", diz o sociólogo.
De acordo com Boaventura, a União Europeia "morreu após a crise grega" e, para se regenerar, tem de trazer para o Norte "a dinâmica de esperança e de soluções" que surge no Sul, que se gerou por resistência a uma presença europeia sob "a forma de neocolonialismo" ou pela falta de soluções apresentadas pelo ocidente.
Uma espécie de "regresso das caravelas", com uma "política renovadora de conhecimento", embebida na "inovação e nas experiências de luta e de resistência do Sul", reforça, observando, porém, que o ocidente teria de "mudar de óculos" e de remover algum "preconceito e displicência" que tem para com países periféricos.
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Obs: A forma simples como estas verdades antigas são ditas faz subentender que estamos diante grandes verdades. Mas não estamos. As elites políticas têm que se renovar, mas não estão a conseguir fazê-lo em Portugal; e o mesmo se diga dos demais países influentes do Velho Continente - que hoje deformam e escravizam a Europa à imagem e semelhança da Alemanha de merkel, que até encontra ressonâncias neste Mundial de futebol do Brasil/2014.
Quanto à criação de súbditos em vez de cidadãos, devo aqui dizer que a Universidade portuguesa, e alguns dos seus lentes, são altamente responsáveis por essa atrofia mental e pessoal dos quadros que "formam" (ou deformam), pois o ambiente académico é profundamente rígido, hierárquico, egocêntrico e mal formado.
Muitos deles (dos lentes), não fazem senão a replicação da cultura de tutela e vigilância que sofreram no seu tempo. Se há instituição em Portugal que carece de reforma e renovação é a universidade portuguesa. Quer por questões pessoais, quer por questões de natureza corporativa.
Precisamente, por nela coabitarem mais súbditos do que cidadãos livres. Esta evidência era o que esses lentes, de Coimbra e doutros locais do país que são centros produtores de saber e de elites, deveriam ter a humildade de reconhecer.
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Etiquetas: faltam cidadão livres, país de súbditos, Portugal
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