quinta-feira

O poder dos pequenos é terrível

Cada vez mais me convenço de que M. Foucault tinha razão quando explicava coisas simples: o poder é fundado no Estado e nas suas instituições, e no monopólio da violência de que elas são portadoras, embora o psicólogo-filósofo tenha rotulado tudo o que aprendeu com Weber de microfísica do poder. Quer dizer, e de forma algo grosseira, como o linguajar de certas pessoas, a realidade é a mesma, mudam apenas os conceitos para cobrir os mesmíssimos factos (ainda que se passe do micro ao macro). Essas instituições e organizações integram a sociedade, e são escolas, escolhinhas, centros de investigação e de irradiação de soberba e arrogância disfarçada de má educação, hospitais, tribunais, prisões, etc...

É a partir dessas instituições que sai a energia negativa das pessoas que, talvez por não gostarem de serem como são e detestarem a imagem que o espelho lhes devolve diariamente, acabam por espelir o fel que as caracteriza, sendo essa, no final, a memória que deixam em terceiros. A comunicação simbólica entre as pessoas e a relação entre elas, não pode, nem deve, reduzir-se ao arregimentar de consumidores que, vistos do lado da procura/institucional apenas são vistos como números, ou seja, clientes a quem se pede paguem a factura antecipadamente, mesmo quando estão em crédito, o que é curioso!!!

Pela minha parte, recuso-me a alimentar este tipo de ervas daninhas que pululam na sociedade, que, não raro, confundem autoridade com arrogância, e quando têm algum poder acabam por não o saber utilizar, disfuncionalizando ainda mais a sociedade, v. q., do seu uso são mais as oportunidades de cooperação que destroem ab initio do que as oportunidades que edificam.

Por regra, não há uma 2ª oportunidade para demonstrar uma 1ª boa impressão.

Enfim, a sociedade está repleta de burros que se julgam doutores quando, afinal, nem educados e gratos sabem ser. Difícil, verdadeiramente, é ser simples, normal e correcto com as pessoas/instituições. A soma das milhares destas "soberbas" todas juntinhas traduz hoje bem a merda de país que criámos e o povo medíocre em que nos tornámos. E gente assim só pode eleger quem elegeu, dentro e fora dos lugares formais da representação pública.


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