Europa
Alguém disse um dia que a Europa não é uma nação, mas um equilíbrio. Pensava talvez nessa hábil construção política que, por meio de alianças, opunha grupos de forças equivalentes, de modo a conseguir a paz e a segurança pelo "equilíbrio europeu". Mas a frase tem um sentido muito mais amplo e profundo. Porque toda a história europeia é caracterizada pela procura ansiosa dessa justa medida nas relações humanas que se pode traduzir pelo equilíbrio. Para que a personalidade dos indivíduos possa afirmar-se e expandir-se há que conseguir o equilíbrio na vida social. Equilíbrio entre os direitos do indivíduo e os direitos da sociedade. Equilíbrio entre o poder do Estado e as forças que o limitam. Equilíbrio entre o poder civil e o poder eclesiástico. Equilíbrio, dentro do próprio Estado, entre os órgãos de soberania. Equilíbrio entre as soberanias dos diversos Estados... Ora no mundo monstruoso que se aproxima o que se acha em perigo é o equilíbrio. A vida já não se encontra organizada à escala humana. Estamos em face de uma ofensiva descomunal. As próprias forças naturais que libertámos mantêm suspensa sobre a vida a ameaça do aniquilamento total. Se a Europa ainda pode salvar o equilíbrio, bendita seja! Mas para isso é necessário que os Europeus - homens ou nações - se unam na mesma vontade de preservação e salvação. É preciso que em todos nós arda o mesmo fogo para mantermos a Europa no seu papel de mensageira do Espírito, de paladina da Justiça, de refúgio da Pessoa!
M.C.
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