terça-feira

A "compra" de atenção nos media sociais. O Facebook

À noção de comércio de mercadorias regulada pelo dinheiro sucede-se a ideia de comércio de atenção, qual capital social que abrange vários componentes de transacção de atenção e de trade-of de pontos de vista entre as pessoas que agora se relacionam através dos media sociais.
A ideia subjacente a este tipo de relação emergente é a de que as pessoas passaram a valorizar mais as opiniões dos outros. Esta dinâmica tem implicações sociais, uma das quais é que em vez de sermos nós próprios a procurar serviços e produtos, são estes que podem vir ao nosso encontro. O que já não é novidade na net.
Dou um exemplo comezinho, mesmo no plano político que, de certo modo, surpreendeu Portugal e os portugueses. Na sequência das declarações de Cavaco sobre o valor das suas pensões de reforma, foi posta a circular na rede uma petição com o fito de reclamar a sua demissão. E em breves dias a referida petição foi assinada por dezenas de milhares de pessoas que, on line, fizeram a sua manifestação de vontade na sequência daquelas abjectas declarações, o que obrigou o PR a retratar-se mediante comunicados, embora o tenha feito de forma ainda mais abjecta do que o teor das suas declarações iniciais. Ou seja, pior a emenda do que o soneto...
Eis um exemplo oriundo da área política, da pequena política, em como as redes sociais facilitam exponencialmente a disseminação de informação. Para o melhor e para o pior, e o mais curioso é que Cavaco, ou alguém por ele no Palácio Rosa, é um utilizador intensivo do Facebook. Portanto, conhece bem o êxito dos novos media, e, agora, paradoxalmente, conheceu bem o seu lado mais negro.
Nesta linha de disseminação da informação, conferindo-lhe um carácter quase instantâneo, é que também se explica a popularidade de outras ferramentas virtuais, como o twitter e, mais interessantes, o microblogging. É através destas ferramentas que os seus utilizadores informam a sua rede de amigos do que estão a fazer e a partilhar com eles os seus interesses pessoais, intelectuais, de lazer, os mais variados.
No caso particular do Facebook, por ser o "rei" destas ferramentas virtuais mais populares do momento, importa sublinhar as chamadas actualizações de estado que cada um dos utilizadores vai fazendo, pois é a partir delas que os amigos virtuais dessa rede são informados do que cada um está a fazer e que opiniões estão sendo desenvolvidas e que assuntos debatidos, expressando, ao mesmo tempo, sentimentos, afectos e os estados de espírito daqueles que integram essa rede de amigos.
Hoje várias centenas de milhões de histórias, ou actualizações de estado diárias, são debitadas na rede e alimentadas pelos feeds de informação que asseguram a sua manutenção.
Hoje, estamos um pouco no cruzamento destas trocas de informações que, certamente, tem mais interesse nuns casos do que noutros. Como, de resto, em tudo na vida.

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