segunda-feira

ARTE segundo Freud

As afirmações de Freud sobre Arte, expostas no seu trabalho Introductory Lectures, partem da proposição de que o artista é um ser introvertido que, devido a impulsos instintivos excessivos, é incapaz de se adaptar às necessidades da realidade prática. Daí a necessidade de busca de compensação, que se volta para o mundo da representação, da fantasia, do sonho - encontrando aí um sucedâneo para a satisfação directa dos seus desejos. No fundo, a ideia de Freud, datada ou não (!!), reside na conversão das suas exigências não realísticas em propósitos que são realizáveis, pelo menos espiritualmente, através do que o "pai" da psicanálise designou de poder de sublimação.
Também aqui haverá prós e contras. Por um lado, salva o artista do castigo da sua vida diária, porventura, sem grande interesse; por outro, limita-o a um mundo fictício, de representações separado da realidade.
Seja como for, e relativizando as ideias de Freud, creio que o artista encontra um caminho de regresso à realidade através da arte, o que significa que essa mesma arte - não funcionará como uma prisão, mas antes como uma libertação, dando-lhe a flexibilidade de vida que ele jamais teria caso não arriscasse a sua vida nessa dimensão. Acabando por estreitar a distância entre a realidade e as representações que o artista faz dela.
Portanto, a criação artística será algo mais do que a mera redenção - explicada pelo simples caminho da fantasia para a obra de arte em busca da integração social. Sendo certo que aquilo que talvez melhor possa exprimir o artista é que ele cria um mundo de realização que é mais do que um domínio secreto do seu próprio espírito e nele os outros também podem participar e encontrar prazer.

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