terça-feira

Importância da semântica na avaliação dos materiais sociopolíticos

A semântica estuda e explora os significados específicos da linguagem. Sendo certo que as palavras desempenham um papel crucial no acto de modelar os nossos pensamentos e de os transportar por determinados canais. A filosofia, a sociologia, a ciência política, o direito, a psicologia, a própria engenharia das comunicações, mais recentemente, deram um contributo notável ao estudo da evolução do significado.

Veremos, sumariamente, como as emoções das populações - como reacção aos discursos dos políticos - sofreram a erosão do tempo, por um lado, e a descrença progressiva das populações, por outro, que resultou do reconhecimento de que as promessas feitas em contexto eleitoral não eram depois realizadas no exercício do poder, além de que nem sempre o escol dirigente oferecia qualidade técnica, humana e ética necessárias para gerir a res publica.

Assim, os slogans e os conceitos-chave deixaram de fazer sentido na arena política, as populações são substancialmente mais ilustradas, muitas delas têm até mais formação do que os próprios agentes políticos, e isso evita que muitas pessoas possam cair em falsas ilusões, seja no plano autárquico, seja ao nível do Governo da nação.

Por outro lado, as populações já interiorizaram a lei sociológica dos retornos decrescentes, ou seja, quanto mais repetidas são certas fórmulas, frases e promessas, menos eficazes elas serão. De resto, nenhum político está hoje em condições de manter a mesma carga fiscal, isenções várias no âmbito do chamado Estado social, etc. As variáveis externas são mais complexas, a incerteza e o risco são maiores.

Em suma, as palavras perderam o seu poder evocativo quando passam de um meio restrito para o uso comum. Quando vemos e ouvimos, para dar um exemplo comezinho e paroquial, cavaco desligado das questões sociais durante um mandato, e à boca das eleições - arma-se em "penetra" de casamentos de gente humilde - para os quais não foi convidado, senão pela gula eleitoral, conseguimos ilustrar eficientemente esta quebra resultante da perda do significado evocativo das palavras, da ética na política, que não é indissociável da própria incapacidade do escol dirigente em resolver problemas, como também da descrença das populações na sua capacidade de resolução.

Mas a toda esta descrença geral que correlaciona as palavras e os conceitos - que organizam o pensamento - aos factos e realidades que se procuram transmitir, não será alheio a circunstância de muitos dos agentes políticos que hoje se apresentam a eleições entre nós, não representarem qualquer significado político, social e cultural.

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