sexta-feira

Presidente do BPN acusa Cavaco Silva de eleitoralismo ao atacar administração do banco

Foto do Negócios
Público
O Governo mandou, os banqueiros obedeceram. Foi o presidente do BPN e vice-presidente da CGD, Francisco Bandeira, quem reagiu em nome da instituição às críticas de Cavaco Silva por não ter conseguido resolver a situação do banco e serem agora precisas novas injecções de capital. A CGD reagiu ao início da noite.
Bandeira manifestou-se "surpreso" com as afirmações do candidato e acusou-o de recorrer ao banco com objectivos eleitoralistas: "A comparação do BPN aos bancos ingleses só terá sido possível, porque ligeira, em contexto de campanha, e certamente dever-se-á ao facto de deficiente informação, pois não são comparáveis as situações que levaram à crise dos bancos ingleses e as que originaram a nacionalização do BPN."
A resposta do presidente do BPN chegou depois das ordens do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira. O governante não criticou, mas disse que os administradores deviam fazê-lo: "O Governo não comenta declarações de candidatos presidenciais em campanha eleitoral. Mas quer dizer que foi feita uma acusação muito grave à actual administração da Caixa Geral de Depósitos [CGD], porque é ela a responsável pela gestão do BPN. E naturalmente compete à administração da CGD defender a sua honra. E eu estou certo que o fará, espero que o faça, e o Governo está certo que o fará porque os contribuintes não podem ficar com essa dúvida", afirmou o ministro. [...]
Obs: Algumas conclusões desta novela mexicana chamada BPN.
1. cavaco demonstrou ter escassos conhecimentos de economia comparada ao meter no mesmo saco problemas de génese substancialmente distinta, e fê-lo, como teve a coragem de referir Francisco Bandeira, por motivos estritamente eleitoralistas. Afinal, parece que o prof. de economia & finanças não sabe nem duma coisa nem doutra. Lamentável, assim como lamentável foi a tentativa de branqueamento que o politico de Boliqueime fez a uma associação de administradores, alguns dos quais praticaram crimes de colarinho branco e, por isso, deveriam prestar contas à justiça. Estranhamente, essa responsabilidade apenas recaiu sobre Oliveira e Costa.
2. Em Portugal, e já Eça o tinha descrito magistralmente no séc. XIX, é prática serem os agentes políticos as marionetas nas mãos da alta finança, pois agora, segundo a posição combativa de Francisco Bandeira, quem respondeu à letra ao politico demagogo cavaco silva, revelando uma inversão (aparente) da fórmula, i.é, os administradores de bancos também conquistaram a capacidade de criticar as posições dos próprios agentes políticos, ainda que enquadradas pela filosofia governamental, como parece ter sido a indicação da super-estrutura reresentada por Pedro Silva Pereira.
3. Por último, este processo amplia a posição de Faria de Oliveira, um cavaquista dos 4 costados e presidente da CGD - (que está de saída) que fica numa posição tão delicada quanto vulnerável.
No fundo, o processo criminal, político e financeiro do BPN serve apenas para demonstrar a corrupção que grassou no país nos últimos 15 anos ao sombra do cavaquismo, algumas das suas cumplicidades políticas bem como a necessidade de fazer rupturas com esse passado fraudulento que actualmente esbulha literalmente os contribuintes através do erário público, e isso deve ser apurado civil e criminalmente.

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