segunda-feira

O poder simbólico de Assange = ordem gnoseológica = 1 milhão e 200 mil euros

Julio Assange vulnerabilizou e ridiculariozu, como ninguém antes dele, o poder tecnológico e o aparelho diplomático da República Imperial, chamuscou as relações que os EUA têm com a Europa, e instrumentalizou os conhecimentos informáticos que pôs ao serviço da sua mega-empresa de denúncia globalitária.
Nasceu, pois, um poder simbólico com base no qual Assange passou a reconstruir a realidade que tende a estabelecer uma ordem política e comunicacional emergente.
Matá-lo, seria estúpido, e os EUA não podem cometer tais disparates aos seus "indesejados" como a Rússia de Putin e de Medvedev fez aos jornalistas indisciplinados que caem que nem tordos com duas balas na testa. Isso não se pode fazer no Ocidente europeu por causa dos valores e dos princípios-guia que orientam a filosofia do Estado e da sociedade.
A emergência de Assange no sistema internacional é, porventura, o dado mais relevante dos últimos anos, já que emerge como o cidadão-global cujo empower radica nas TIC - e o interaccionismo com a sociedade mundial e a respectiva opinião pública planetária acaba por redefinir as relações de força da comunicação entre os principais players do mundo actual, desde políticos a financeiros e especuladores, que hoje vivem de modo cada vez mais inseparável, na medida em que dependem cada vez mais, na forma e no conteúdo, não apenas do poder material mas, sobretudo, do designado poder simbólico acumulado pelos milhares de telegramas que Assange - e a sua equipa de piratas informáticos - em conluio com os militares detractores à (dita) República Imperial - conseguiram esbulhar dos canais formais do aparelho diplomático.
A esta luz, Assange representa o novo sistema simbólico que vai reestruturar as linhas de comunicação e de conhecimento para o futuro no quadro da função política e de legitimação de dominação contribuindo, assim, para a domesticação dos dominadores (e não, "domesticação dos dominados", segundo Weber).
É a este novo campo de produção simbólica que algumas editoras vão pagar a Assange 1 milhão e 200 mil euros, coisa que dezenas de investigadores não ganham numa vida. Ainda por cima, esta luta simbólica serve os interesses particulares de Assange - que vê a sua organização sendo financiada por doadores desconhecidos (com recursos financeiros sabe-se lá donde!!!) nesta nova luta interna e externa pelo poder na esfera da globalidade.
Dantes esta luta fazia-se através de filósofos e de ideólogos cujas ideias procuravam modificar as sociedades, de que Carlinhos Marx foi um pioneiro no séc. XIX e XX, com desvios grosseiros, hoje, ao invés, essa luta realiza-se através de piratas informáticos, o que é um sinal dos tempos.
Giro-giro, seria vir a descobrir que Assange é um espião que veio do frio, e que os serviços de intelligence do ex-KGB já não o conseguiram absorver, levando Julinho a esta reconversão espectacular que domina a arena política mundial.
Vejam bem o homem, e digam lá se não se aproxima do padrão do espião que veio do frio de há umas décadas a esta parte...

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