terça-feira

Evocação de Daniel Bell e o papel dos Estados no mundo contemporâneo

The End of Ideology: On the Exhaustion of Political Ideas in the Fifties. Bell considers the social and political changes in the United States since World War II. Regarding the book's title, Bell would assert that "Marxism and other traditional idea-systems have proved unable either to explain or to guide new patterns of social behavior
D. Bell
Tornou-se famosa a formulação dos sociólogo Daniel Bell - segundo a qual o Estado é, ao mesmo tempo, pequeno demais para os grandes problemas da vida e grande demais para os pequenos problemas da vida. Ele é pequeno demais para resolver os grandes problemas do nosso tempo como a economia, a (in)segurança, o ambiente, a criminalidade organizada de tipo transfronteiriço, a tecnologia, a saúde e, para o efeito, sob o alento da globalização competitiva - o maior decisor oculto do nosso tempo, vamos tentando projectar e construir, por todo o lado, grandes espaços que racionalize todos esses fluxos, como a União Europeia.

Mas o Estado também é grande demais, pelo menos quanto à participação política e à humanização do poder, e muitos vão exigindo desconcentração, desregulamentação, descentralização e regionalização. Nesta senda, o Estado é grande demais, daí a necessidade da regionalização, embora haja um timing para tudo, e talvez não seja este o momento adequado para a discutir.

A formulação de Bell, um sociólogo importante, um schollar de Harvard, distinto investigador que estudou o pós-industrialismo e a tese do fim das ideologias (contemporâneo do grande Raymond Aron) não deixa de ser - ainda hoje - uma mente inquietante para equacionarmos o tempo presente, confrontado que está com problemas análogos, mas mais complexos e dramáticos pelos milhões que afecta. De sentido convergente, encontramos esta outra reflexão que problematiza o papel dos governos: o governo não pode resolver os nossos problemas, não pode determinar os nossos objectivos, não pode definir as nossas opiniões. O governo não pode eliminar a pobreza, nem criar uma economia próspera, nem reduzir a inflação, nem salvar as nossas cidades, nem remediar o analfabetismo, nem fornecer energia. E o governo não pode mandatar a virtude.

Curiosamente, estas notas foram escritas pelo ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter no seu discurso anual sobre o Estado da União de 1978.

Outro player importante do nosso mundo, converge para sublinhar: Nós sabemos que um governo alargado não detém todas as soluções. Nós sabemos que não existe um programa para todos os problemas. Temos trabalhado para oferecer ao povo americano um governo mais limitado e menos burocrático em Washington. E temos de oferecer ao povo americano um governo que viva de acordo com os seus próprios meios. A época dos grandes governos acabou, disse Bill Clinton, um dos melhores presidentes norte-americanos de sempre.

Em Portugal a reflexão que se impõe sobre o Estado e o papel que nele deve ter o governo na resolução dos problemas socioeconómicos dos portugueses decorre da birra pessoal e institucional entre Belém e S. Bento, o que é um "excelente" cartão de visita para o mundo.

Costuma-se dizer que o povo tem os governantes que merece, embora no caso lusitano seja levado a crer que os portugueses foram enganados e, por isso, ficaram penalizados.

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