domingo

Manuel Alegre e o empower. Afinal, o que quer Alegre?

O poeta, deputado e ex-candidato à Presidência da República - Manuel Alegre - diz que não quer ser candidato a PR nem a PM. Diz que há muita gente jovem na sociedade e nas empresas, e é verdade, e, como tal, há que dar lugar a esses. É bonito isto.
Mas nesse caminho que Alegre vai trilhando ele não deixa de afirmar algumas mensagens, umas mais sutis do que outras. Ou seja, Alegre não tem agenda fixa, o que lhe permite falar de tudo e de nada ao mesmo tempo, como o círculo de Pascal - que está em todo o lado e em parte alguma.
Do ponto de vista tático e instrumental diria o seguinte relativamente às pretensões políticas de Alegre a curto/médio prazos:
  • Alegre quer menos impostos,
  • Quer reduzir o tamanho do Governo
  • Quer que os cidadãos tenham mais influência na sociedade e no Estado
  • Quer uma melhor qualidade na democracia representativa

No fundo, é com toda esta filosofia política básica do empowerment (assente no poder dos cidadãos) - que Alegre procura criar a tal vaga de fundo que o impelirá (sustentadamente) a Belém.

Ele não o confessa nem admite, mas a política vive e sobrevive do segredo, por isso se essa tal vaga de fundo ocorrer e ganhar volumetria social é natural que Alegre reconheça públicamente o que lhe vai na alma - sobretudo desde as últimas eleições presidenciais - mais o seu milhão de votos (que hoje já se encontram em estado gasoso); se, ao invés, a tal vaga de fundo não ocorrer é natural que Alegre faça aquilo que sempre fez, e com sucesso: poesia.

Creio que o dilema com que hoje Manuel Alegre se confronta poderá equacionar-se desta forma:

  • Será preferível continuar a fazer boa poesia ou fazer política assim-assim?

Entre um escritor bem sucedido e um político falhado, o que o povo preferirá?!

Creio que a resposta é óbvia...