quarta-feira

Maquiavel avaliaria assim a criminosa Rússia de Putin. Tributo a Maquiavel.

Se Maquiavel pudesse ser chamado a valorar sobre o crime de Estado que hoje a Rússia comete sobre a Geórgia, e o fingimento e a mentira que presidem ao jogo de palavras que escondem as verdadeiras intenções de Putin, presumo que diria mais ou menos isto:
A política é um jogo de paixões e de interesses opostos de que a dissimulação constitui uma das regras essenciais. A essa natureza convém saber colori-la, ser-se grande fingidor e dissimulador; e são tão simples os homens, e obedecem tão bem às necessidades presentes, que aquele que engane (Putin), sempre há-de ter quem se deixe enganar...
Na linha do Príncipe de Maquiavel, a quem aqui prestamos homenagem por se ter revelado um excepcional psicólogo do poder e um genial realista que conferiu autonomia funcional de estudo à Política (criando a Ciência da Política), ao soberano convém parecer piedoso, fiel, humano, generoso, e até sê-lo; impõe-se-lhe porém ter o espírito instruído de modo que, sendo preciso não ser tais coisas, possa e saiba tornar-se o contrário delas.
Numa palavra, o esmagamento da Geórgia pela criminosa Rússia de Putin & Medvedev S.A. - explica-se desta forma: aí têm como vos mentem... Putin propôs um texto de acordo imaginário para um tratado inexistente.
E assim vai ludibriando e brincando com o mundo, sabendo que a NATO é um gigante com pés-de-barro, tal como a UE o é no plano económico liderada por um ex-maoista convertido ao neoliberalismo do Consenso de Washington, e a República Imperial (EUA) - como Aron a designou - em eleições está paralisada. Parece um doente com Parkinson, pois também já não tem nem a memória, nem o orçamento da Guerra Fria para fazer uma nova "guerra das estrelas" (SDI project, com que Reagan derrotou Gorby), nem a vontade e determinação bélica de fazer uma cruzada pelo Caúcaso para meter o criminoso do KGB na linha.
Eis a Arte da mentira levada ao extremo: à guerra, ao sangue, à chacina do Estado forte e imperial contra o Estado-vizinho fraco e com outra escala de valores, ocidental - procurando acomodar-se no seu sistema de instituições. Lamentavelmente, o mundinho que temos ainda não gerou Direito que baste para conter e punir em tempo real estes crimes contra a Humanidade...
E é pena, pois um mundo normal seria dispôr da capacidade legal internacional de equiparar um Radovan Karadzic ou um general Ratko Mladic a Putin - e julgá-los como criminosos contra a Humanidade.
Até que isso aconteça os homens de bem irão sempre supôr que campeia no mundo o sentimento de impunidade.