segunda-feira

Morre Dorival Caymmi

Morre Caymmi, o último patriarca da música brasileira
Aos 94 anos, cantor e compositor baiano deixa repertório com mais de 120 músicas irretocáveis
Lauro Lisboa Garcia - O Estado de S. Paulo
Carlos Magno/ AE
Caymmi dá entrevista em sua casa, no Rio
SÃO PAULO - Nos 94 anos em que viveu serenamente, como convém a um baiano, Dorival Caymmi - o último patriarca da música brasileira - deixou cerca de 120 músicas, todas irretocáveis. O que tinha de ser aprimorado nelas, foi feito por ele mesmo, rigoroso que foi com cada verso e cada sílaba na interação com a melodia.
No ensaio Caymmi: Uma Utopia de Lugar (Editora Perspectiva, 1993), seu conterrâneo Antônio Risério colocou em xeque o mito da espontaneidade em torno da criação do painho baiano. "O coloquialismo caymmiano costuma obscurecer o fato de que Caymmi é um artesão verbal consciente e paciente, como se o coloquialismo não fosse uma questão de estilo, ou como se a ‘espontaneidade’ não fosse uma questão de método. Caymmi, leitor de García Lorca, não levaria às vezes dez anos para compor uma canção. Escreveria um poema por dia. Caymmi é cristalino, coloquial, mas nunca desleixado", analisou.
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