O Poder da Rússia de Putin & Medvedev é = a Barbárie
Sob a fachada destes fatos ocidentais e gestos aparentemente inofensivos radica - enraizada - a maldade sanguinária herdada de Stalin que em Portugal, como de costume, o PCP ainda não criticou.
Estes dois homens, Putin e Medvedev, pensam em termos de domínio, agem em termos de poder. Pensam que ao esmagar e humilhar a Geórgia, ainda por cima em Gori, a terra de Stalin, acumulam (e reforçam) as condições e reservas de poder que actualmente dispõem. Se em parte esta era a lógica da Guerra Fria, em que o mundo estava bipolarizado e dividido em zonas de influência nesse grande condomínio nuclear sovieto-americano, hoje essa previsibilidade nas Relações Internacionais já não funciona.
Hoje a valorização e acumulação do poder, como se de depósitos num banco se tratasse, já não se faz em destruir físicamente os vizinhos (ou matar os investidores que dinamizam a economia), mas obter deles o seu reconhecimento para a sua acção política futura. Com esta acção bárbara na Geórgia - que a retirada russa salga com destruição de pontes e doutras infra-estruturas necessárias à economia da Geórgia - o regime daqueles dois bárbaros apenas coleccionam mais ódios e inimigos do que amigos e aliados no sistema de relações internacionais do séc. XXI. Este tipo de acções apenas revelam bem os canalhas que eles são e a forma bárbara como utilizam o aparelho de poder político-militar para esmagar vizinhos.
A Polónia, os países bálticos bem como todos os países do Centro e Leste europeu que antes da queda do Muro de Berlim foram obrigados a ficar na órbita de Moscovo ao abrigo da famosa doutrina da soberania limitada de Brejnev representam hoje enzimas que multiplicam os efeitos de ódio e de rejeição a tudo quanto venha da Rússia dessa dupla de criminosos de Estado. A Nato também tenderá a rearmar-se e afinar as suas velhas estratégias, o Ocidente em geral também vê esta investida e militarização da Rússia com muito maus olhos.
A OSCE e a ONU, como de costume, pouco ou nada podem fazer, tal a sua paralisia, e os refugiados ultrapassam os 100 mil, e deveriam ser alimentados e suportados pelo orçamento russo que os obrigou a sair das suas próprias casas para salvarem a vida.
A política do poder sem objectivo estratégico é oca e vazia, e a prazo revelar-se-á um fiasco. A Rússia pode ter na Geórgia a sua vitória de pirro, mas a médio e longo prazos terá o mundo à perna. Um mundo que tende a não aceitar que o crime de Estado integra o novo padrão no relacionamento entre os povos. O esmagamento militar e o assassínio militarizado e miliciado não é uma modalidade de resolução dos conflitos aceitável.
Se, por um lado, o modelo político criado por Maquiavel, assente na competitividade extrema, é uma das grandes conquistas da mente humana, convergente até com as motivações do homem económico de Adam Smith e os seus seguidores dos animais e das plantas não menos competitivos que resultam do processo de selecção natural inventado por Charles Darwin - todos esses modelos, por mais frutíferos que tenham sido na sua época são, hoje, particularmente problemáticos porque o estádio de consciência humana em que o mundo hoje se encontra tende a rejeitar esse banho de sangue como regra a incorporar no sistema de relações internacionais. O âmago do poder - assim como o núcleo da economia - não decorre do facto de o homem se apropriar do poder pelo poder, e da riqueza pela riqueza, mas sim a capacidade de construir um projecto de sociedade capaz de pôr uma nação a produzir bens e serviços de qualidade e, em particular, aperfeiçoar essa capacidade produtiva através duma eficiente divisão do trabalho, potenciada pela capacidade de trocar os tais bens e serviços com o auxílio do capital. O ex-KGB, que tem baixa formação cultural, só percebe a linguagem das armas, da tortura, da espionagem - tudo coisas que lhe são familiares. No fundo, é um homem que não evoluíu, pouco diferente de Nikita Kruchev, só compreende a linguagem das armas. Ainda o veremos tirar o sapato..., para revelar ao mundo que entre o cheiro do seu pensamento e o dos seus pés não existe diferença.
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