quinta-feira

CPLP - Cimeira arranca hoje

cit. in RR
Lisboa acolhe hoje e amanhã a sétima Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).
Seis chefes de Estado e dois Primeiro-ministros - dos oito países que integram a organização criada em 1996 - vão participar neste encontro que tem, como um dos principais temas em agenda, a discussão do Acordo Ortográfico.
Promulgado recentemente pelo Presidente da República e ratificado pelo Governo, este o acordo não foi ainda reconhecido por todos os países da comunidade. Dos oito países da CPLP, apenas quatro ratificaram o Protocolo Modificativo da Língua portuguesa - o último foi Portugal.
Em falta estão Angola, Guiné Bissau, Moçambique e Timor-Leste que até ao momento não ratificaram o protocolo.
Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe foram os primeiros a fazê-lo.
Agora e apesar da contestação de algumas figuras maiores da cultura portuguesa quanto às mudanças ortográficas, caberá aos Ministérios da Cultura e Educação definir um prazo para aplicar o acordo, como explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado.
No mundo há 240 milhões de falantes de português: 191 mil estão no Brasil, o país motor do acordo que vai dar uma nova direcção à língua de Pessoa.
Desta cimeira vai sair também uma nova presidência. Por dois anos, será Portugal a assumir a direcção da CPLP.
A estratégia já está traçada, como indica o ministro Luís Amado. “Nós estamos, sobretudo, empenhados em aproveitar a cimeira para dar um novo impulso à comunidade. (…) Sabemos que tem tido um ritmo inconstante com alguma instabilidade em função das presidências. Portugal tem condições para dar um novo impulso”.
O governante revelou ainda que a situação interna no Zimbabué também será debatida.
Obs: A falta duma estratégia comum que afirme a língua portuguesa no mundo tem-se saldado num fracasso desde a criação da CPLP. A instabilidade dos países africanos de língua portuguesa, aliado à sua escassa prática democrática (ex. de Angola), a falta de recursos e de projectos concretos de interesse comum redundaram no imobilismo em que a CPLP tem vegetado. Mais importante do que a assinatura do Acordo Ortográfico é, porventura, o facto de ser Portugal a dirigir a CPLP nos próximos dois anos, e apesar do ambiente económico internacional não favorecer a implementação de grandes projectos há pequenas medidas que poderão ser executadas. Um dia falaremos delas..., até mesmo no plano da cooperação lusófona autárquica - onde inúmeras questões de proximidade se colocam com mais acuidade.