segunda-feira

Nova modalidade de fazer política em Portugal: abrir feridas intestinas...

Gato Fedorento - Alberto João Jardim

Hoje a política não se faz através duma eficiente concepção de ideias, projectos e de medidas para aplicar aqueles projectos na sociedade mediante a execução de políticas públicas.

Hoje, ao invés, a política assumiu outra tonalidade e parece alicerçar-se na capacidade que certos players têm de abrir brechas junto da oposição ou mesmo do governo. Ou seja, dentro do PSD as lutas intestinas substituíram a tradicional contenda política entre o partido da Lapa e o partido do Largo do Rato (António Borges, Pacheco Pereira, Marcelo, Aguiar Branco, Sarmento Rodrigues não dão descanso a Meneses); e mesmo entre o Governo são alguns dos seus mais destacados membros que se dedicam a desgastar o Executivo dando, desse modo, uma ajuda preciosa à oposição.

Guilherme d' Oliveira Martins (no Trib. de Contas) e Jaime Gama (Presidente da AR, e 2ª figura do Estado) são os mais recentes arautos desta nova "teorização da ferida intestina" que explica boa parte da conduta dos agentes políticos em Portugal.

Ou seja, quanto maior e mais intenso for o buraco da ferida intra-partidária mais capital-simbólico e político o agente activo parece creditar na sua escala de valores na esfera pública. Assim sendo, esta novel teoria política da ferida encontra nos drs. Oliveira Martins e Jaime Gama (que já revelaram ser portadores de imenso potencial destrutivo) os novos heróis da República - tornando o Tribunal de Contas e a AR - por extensão - duas instituições de referência dessa nova e singular conflitualidade política no burgo.

Será caso para dizer que cada um destaca-se como pode...

ALBERTO JOAO JARDIM