quarta-feira

Criminologia: a permuta de Locard

Lisboa tem sido sacudida por uma onda de crimes atípicos que têm preocupado as pessoas e alertado as autoridades. Crimes violentos cujos móbeis estão mais ou menos determindados. Mas um coisa é certa, o criminoso, independentemente do crime cometido, deixa sempre um rasto cujos indícios são objecto de avaliação, e é através dessas interacções e do contacto de vários indícios que as autoridades competentes põem esses elementos a falar. Essa teoria designa-se por permuta de Locard - aplicável às inúmeras cenas dos crimes.
Mas apropriadamente, o seu autor, o prof. Edmond Locard sistematizou esse corpo de ideias que hoje as autoridades de investigação criminal praticam:
«Quaisquer que sejam os passos, quaisquer objectos tocados por ele, o que quer que seja que ele deixe, mesmo que inconscientemente, servirá como uma testemunha silenciosa contra ele. Não apenas as suas pegadas ou dedadas, mas o seu cabelo, as fibras das suas calças, os vidros que ele porventura parta, a marca da ferramenta que ele deixe, a tinta que ele arranhe, o sangue ou sémen que deixe. Tudo isto, e muito mais, carrega um testemunho contra ele. Esta prova não se esquece. É distinta da excitação do momento. Não é ausente como as testemunhas humanas são. Constituem, per se, numa evidência factual. A evidência física não pode estar errada, não pode cometer perjúrio por si própria, não se pode tornar ausente. Cabe aos humanos, procurá-la, estudá-la e compreendê-la, apenas os humanos podem diminuir o seu valor."»
Ora, isto vale para qualquer tipo de crime, ou até para uma tentativa da sua consumação - que hoje passa muito pelo uso das telecomunicações. Ou seja, quando um crime é cometido as evidências carecem de ordenação, razão por que existem equipas multidisciplinares que só fazem isso, que gravam imagens, vozes, mensagens de todo o tipo, recolhem toda a espécie de vestígios que mais tarde possa encorpar a alegada prova.
Numa palavra: hoje nada escapa a estes procedimentos meticulosos das autoridades criminais e de investigação policial que combate o crime (preventiva e repressivamente), sendo certo que é da permuta de Locard que se chega aos vestígios no local do crime, e a partir daí reconstituir toda a trama. O resultado final é conseguir colocar o criminoso/s no local do crime - e na maioria dos casos os crimes nunca ficam sem castigo.