Luís Amado queixa-se da política de capelinhas... Mau sinal
Polémica: Falta de coordenação denunciada
Ministro critica capelinhas no Governo
Luís Amado, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, denunciou ontem a "política de capelinhas" em todos os ministérios, incluindo o seu, que dificulta a coordenação ministerial. O ministro defendeu uma maior coordenação entre os membros do Governo, com especial urgência na Cultura e na Economia, áreas-chave na defesa dos interesses de Portugal no Mundo.
Luís Amado falou mesmo numa "política de preservação do poder" que condiciona decisivamente a acção externa do País.
O ministro foi incisivo, salientando de forma surpreendente que a maior dificuldade sentida por quem exerce funções governamentais está na relação com outros ministros e só depois com a Comunicação Social ou com a Oposição.
As declarações foram feitas num almoço-debate sobre a política externa portuguesa, em que o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros fez críticas a propósito das dificuldades que sente na "melhor promoção dos interesses económicos" e na "maior valorização do papel da cultura e da língua portuguesa".
"É um desperdício termos uma máquina política e diplomática que não se foca nestas áreas [...]. É inaceitável que o potencial destes recursos não seja mobilizado [...]. A política de capela isola-nos", considerou.
Luís Amado revelou que a Assembleia da República deveria "acompanhar mais directamente a política externa do País e anunciou que o Governo vai apresentar brevemente uma proposta para que os embaixadores de Portugal passem a ser ouvidos em audiência pelo Parlamento antes de seguirem pa-ra os postos diplomáticos. Amado afirmou ainda esperar que a presidência portuguesa da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) e a cimeira que se vai realizar em Portugal "marquem um virar da página" na promoção e no enquadramento estratégico da língua portuguesa.
O ministro esteve recentemente com Cavaco Silva em Moçambique, uma oportunidade para o reforço dos laços com este país lusófono. O acordo ortográfico foi um dos pontos em cima da mesa.
Os ministérios da Cultura e da Economia, tutelados respectivamente por José Pinto Ribeiro e Manuel Pinho, contactados pelo CM, optaram por não comentar as declarações de Luís Amado.
André Vicente, CM
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