sexta-feira

O efeito-camaleão na vida política de Helena Roseta

A Helena Roseta nas mãos de Socas...
É sabido que com a carta irrespondida que Helena Roseta dirigiu ao PM, José Sócrates, levou-a aquele estado de irritabilidade crónico que a caracteriza. Mas isso pouco importa agora. Agora, ela é uma candidata messiânica e quixotesca a Lisboa como independente: contra o PS, contra o BE, contra o PCP, contra todos, só a favor de Lisboa e dela, claro está!!. Ao lado dela estarão meia dúzia de gatos pingados a empunhar cartazes com o Não ao aborto, Não ao Nuclear, Não às cimenteiras, Não ao aquecimento global, Não ao tabaco, Não às quecas fora da agenda, etc, etc, etc...

No fundo, eu percebo a Helena: ela sempre se achou uma pérola do pensamento, um alto quadro do partido nunca convidada para secretária de Estado, para ministra, para um cargo internacional, para nada. Isso melindrou-a, e é hoje essa acumulação de energia negativa que se verte nesta candidatura quixotesca aproveitando, claro está, a boleia que o referendo ao aborto lhe deu.

Helena acha, portanto, que tem já um direito próprio a ser aquilo que sonha, e se ela sonha ser rainha ninguém se lhe deve opôr ou resistir; se ela sonhar ser autarca de Lisboa - no seu entender, a Helena entendia que Socas a deveria apoiar por carta, de preferência terminando por um "seu", como fazia com o actual PM ao ex-Reitor da UnI.

Tal não sucedeu, Socas não lhe respondeu e Helena ficou siderada: ou seja, fronteira entre o murchinho minguado e o exuberante histriónico naquela ciclotimia que lhe baliza o comportamento.

No fundo, tudo isto era previsível, a própria Ana Gomes o poderia fazer, dadas as circunstâncias e a natureza da sua relação com o actual PM. Mas as coisas são assim e não doutra forma porquê? Em nosso entender, esta relação que Roseta pretende encetar com a cidade e os munícipes decorre, certamente, do valor e experiência política de que ela é portadora, mas também para não ficar perdida no meio da multidão do PS - no qual já há muito pouco ou nada se revê.

Numa palavra: Helena Roseta vive o drama dos 50s e não quer mergulhar no esquecimento, daí ter agora procurado esta escapatória, esta fuga para a frente e tornar-se visível. Não já a toque de guitarradas associadas aos meninos da Católica e aos rebanhos arregimentados entre algumas juventudes mais imberbes e ingénuas apanhadas às portas das igrejas, mas tentando colher apoios naqueles que não se revêm nos partidos. A Helena tinha de se tornar visível a qualquer preço, atraindo sobre si as atenções para parecer maior do que na realidade é, parecendo mais colorida do que é, mais misterirosa do que as massas tímidas, alienadas e amenas em que hoje vegeta boa parte do eleitorado do PS.

Afinal, quem é Helena Roseta? Há quem diga que é uma criatura de Sá Carneiro, depois de muitos PSDs, de muitos PSs, e ainda há quem diga que se trata do novo camaleão rosa que virou independente tentando capturar a Capital.